Jornal Estado de Minas

PODCAST

Como a literatura infantil feminista quer mudar a próxima geração


Histórias que abordam o empoderamento das mulheres têm se destacado em forma de livro infantil para mudar o que antes era considerado normal, como as delimitações do que seria adequado para cada gênero. Hoje, a defesa da igualdade sem limitações na literatura cumpre o papel de apresentar às próximas gerações uma proposta de mais respeito.



Neste segundo episódio do podcast DiversEM, conversamos com a escritora e ilustradora Thais Linhares, autora de "Princesas em greve". A obra da carioca, um de seus maiores sucessos, faz parte de um acervo nacional de livros infanto-juvenis feministas que se propõem a formar uma próxima geração mais consciente.



Nos contos de fadas que marcaram gerações e gerações de crianças, Rapunzel espera indefesa no alto de uma torre ser salva por um príncipe com quem se casará, entre outras representações distorcidas sobre o papel das mulheres nas histórias. Na vida adulta, a pouca representatividade feminina em profissões nas áreas de engenharia e ciência, por exemplo, ocupa o mercado profissional. 

Reflexos de uma sociedade na qual ainda há funções destinadas a cada gênero.

Thaís conta que esses foram alguns dos motivos principais para escrever obras como "Princesas em greve". "Quando escrevo para criança eu estou perguntando: 'O que você acha disso?', porque eu quero aprender", afirma.



'Princesas em greve', livro da escritora e ilustradora Thaís Linhares (foto: Reprodução)


Sobre levar o debate para a literatura infanto-juvenil, a escritora e ilustradora destaca o que considera uma facilidade das crianças de conversar sobre assuntos complexos com leveza, levando seus amigos junto com a ideia que elaborou.

Thaís relembra o momento de sua infância no qual se impôs pela primeira vez contra essas questões de gênero. Depois de ser proibida pela mãe de fazer escotismo como o irmão, 5 anos mais velho que ela, por ser "coisa de menino", Thaís decidiu fundar o próprio clube, no qual só meninas podiam entrar. "Eu fiquei revoltada", relembra a escritora.

Defesa de um novo olhar

A escritora destaca que, originalmente, os contos celtas nos quais a maioria dos contos de fada se inspiraram contavam histórias de princesas enfrentando desafios enormes, tomando decisões difíceis e encarando dificuldades.





A defesa de um olhar diferente sobre as mulheres nas obras atuais, portanto, não se trata de uma desconstrução, mas da reconstrução das identidades. 

Thaís Linhares, escritora e ilustradora do livro 'Princesas em greve' (foto: Arquivo pessoal)

Além do "Princesas em greve", hoje há muitos trabalhos que seguem pela mesma linha. Entre eles, "A princesa que escolhia", de Ana Maria Machado, e "Coisa de menina", de Pri Ferrari. Nos filmes, algumas referências são a animação "Enrolados", uma releitura de 2010 do conto de Rapunzel, e a história da princesa guerreira Merida, de "Valente", lançado em 2012.



Esses são alguns dos exemplos que tentam mostrar para as novas gerações de meninas que elas têm a possibilidade de ser quem quiserem. Livre de rótulo, desigualdade e amarras. "É criar um outro ser humano dentro de uma proposta de respeito mútuo e de crescimento, de buscar o melhor possível. Eu acho que isso é transformador", afirma Thaís.

Conheça o podcast DiversEM

O podcast DiversEM é dedicado ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar além do convencional. Cada episódio será uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar único e apurado de nossos convidados. O podcast DivesEM é uma produção dos núcleos de Diversidade e de Criação Multimídia do jornal Estado de Minas, com periodicidade quinzenal.

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Ep. 1 - Perspectivas para a luta por justiça social em 2022