Para fortalecer o enfrentamento à violência contra a mulher, o Instituto AzMina realizou uma parceria com o Twitter Brasil para disponibilizar um chatbot, um robô, que acolhe e esclarece dúvidas de mulheres em situação vulnerável. A iniciativa leva o nome de Chame a Penha, em homenagem à Maria da Penha, símbolo da luta pelos direitos das mulheres e que dá nome a principal lei de proteção a elas.
Para falar com a Penha basta enviar uma mensagem direta (DM) para o perfil @revistaazmina no Twitter. A partir do primeiro contato, uma conversa automática se inicia, com perguntas baseadas na análise de centenas de atendimentos já prestados às vitimas de violência, física ou pisicológica.
A robô aconselha a mulher sobre a melhor forma de agir. Entre as principais questões buscadas pelas mulheres estão: dúvidas sobre se o que estão vivendo é ou não um relacionamento abusivo, quais são os tipos de violência contra a mulher previstos na lei brasileira, e onde buscar ajuda.
“A Penha, dentro do Twitter, é uma iniciativa super inovadora que as pessoas podem interagir e entender como funciona e uma vez conversando com ela as pessoas percebem que podem acessar a muita informação ali”, conta Marília Moreira, gerente do PenhaS, área de enfrentamento à violência contra a mulher do Instituto AzMina.
O Chame a Penha já atendeu 935 pessoas desde sua criação, em agosto de 2021, e não pede ou armazena nenhum dado pessoal, mas, ao final da conversa, a mulher tem a possibilidade de informar seu CEP e receberá o mapeamento de Delegacias da Mulher, centros de acolhimento, voluntários do setor jurídico, apoio psicológico, entre outros dispositivos de apoio à vítima de violência, próximos a sua localização.
A ideia do Chame a Penha é disponibilizar um serviço que não ocupe espaço no celular ou dependa de pacotes de dados para acessar, uma vez que muitas operadoras oferecem o acesso ilimitado às redes sociais, além de ser totalmente sigiloso e discreto, para não chamar a atenção caso o agressor esteja por perto.
“Essa possibilidade de criar e abrir uma conversa com toda essa expertise que a gente tem em atendimento pra gente também é algo novo. É uma nova forma de se comunicar em uma rede que tem possibilidades gigantes de comunicação e coisas a serem feitas ali dentro”, afirma Marília.
Além do chatbot no Twitter, AzMina oferece apoio às pessoas que entram em contato por e-mail ou Whatsapp, e disponibiliza um aplicativo chamado Penha, que conta com três pilares: informação, acolhimento (rede de contato com outras pessoas no app) e o pedido de ajuda, que é um botão do pânico que envia uma mensagem para 5 pessoas previamente cadastradas pela mulher com um pedido de ajuda.
O aplicativo também conta com a funcionalidade de gravador pra armazenar provas de áudio da violência sofrida e um mapa com serviços públicos gratuitos para mulheres em situação de violência.
Apesar da criação de novos canais de atendimento às mulheres que sofrem violência, este é um problema ainda latente na sociedade brasileira. Segundo pesquisa divulgada em junho de 2021 pelo Datafolha, oito mulheres são agredidas no Brasil a cada minuto e segundo o Mapa da Violência, o Brasil é o quinto pais onde mais mata mulheres no mundo.
“São pouco mais de 400 delegacias da mulher em todo o Brasil, e quantos municípios o brasil tem né? Não atende a demanda. Eu acho que uma ferramenta como a Penha, que está dentro do Twitter, que está dando informações, gera esse debate e a denúncia para que as políticas públicas atendam melhor as mulheres”, declara Marília.
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz