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Estado de Minas TECNOLOGIA

Google for Startups Brasil anuncia R$8,5 milhões para empreendedores negros

O Black Founders Fund já investiu R$5 milhões em 33 startups. O novo aporte será feito nos próximos 18 meses


17/02/2022 11:04 - atualizado 17/02/2022 14:46

Karen Santos usa blazer azul
Karen Santos é fundadora da UX para minas pretas (foto: Arquivo pessoal)

A foto dos colaboradores de um empresa de investimentos posicionados em um terraço em Porto Alegre, em agosto de 2020, chamou atenção pela ausência de negros. Não havia nenhum. Nessa mesma foto, entre dezenas de homens, as mulheres não somavam dez.
 
A imagem é o retrato da falta de diversidade em segmentos de negócios no Brasil. Um deles no qual também a diversidade é bastante baixa, ou seja se vê a participação de poucos negros, é o setor da tecnologia. Por essa razão, a iniciativa do Google de criar um fundo para acelerar startups lideradas por pessoas negras pode mudar a foto a médio e longo prazo.
 
Lançado em setembro de 2020, o Black Founders Fund investiu R$5 milhões em 33 startups. Nesta quinta-feira (17/2), Google anunciou mais R$8,5 milhões para outros empeendimentos liderados por negros. O fundo investe recursos financeiros, sem qualquer participação societária, em startups fundadas e lideradas por negros no Brasil. É o reconhecimento dos esforços de empreendedores  negros, que criam bastante, mas costuma ter poucas ou nenhuma porta aberta no mercado de tecnologia. 
 
Ao longo de 18 meses, serão realizados aportes em empresas nos estágios pre-seed e seed. O pre-seed é a primeira rodada de investimento com capital privado para quem busca recursos nas fases iniciais de desenvolvimento da startup. O seed são as rodadas de investimento após aceleração ou anjo e buscam captar recursos para a startup começar a ganhar tração.
 
Um exemplo de startup acelerada é a Fluke, operadora móvel 100% digial criada por Augusto Pinheiro. O jovem conta que se interessou por tecnologia desde muito jovem. No entanto, como a família tinha poucos recursos, o primeiro computador foi montada com peças de sucata, que por ele foram reaproveitadas. Augusto lembra que logo depois o pai pagou um curso de programação para ele.

No entanto, mesmo com vocação e conhecimento para a área de tecnologia, foi difícil para Augsuto se enxergar como empreendor. Foi trabalhar em outro ramo antes de entrar para o mercado de tecnologia. Esse desvio ocorreu, pois ele não conhecia empreendedores negros. Por isso, ele lidera com orgulho a Fluke e já é referência para outros jovens negros, que queiram entrar para o mercado de tecnologia. "Espero que outros jovens não tenham que pegar algo da sucata para começar a trabalhar e o tenham que  abondonar o sonho por falta de referência preta", diz. 
 
Tela com quatro colaboradoras do UX para minas pretas
Equipe UX para minas pretas (foto: Arquivo pessoal)
Outra referência,principalmente para jovens negras, é Karen Santos, criadora da  UX para minas pretas. Ela destaca que apenas 4% startus femininas recebem recursos de investidores. Esse número é ainda menor quando se trata de mulheres negras. 
 
Karen destaca que quem costuma empreender em startups são pessoas de um único perfil: "não-negras e de classe média alta, que já têm acesso a capital e recursos para chegar a esse lugar". Ela quer mudar essa estatística, por isso propôs a startp em que o protagonismo é da mulher negra. 

Google for startups 

O Google for Startups é a iniciativa do Google para dar suporte a startups e ajudá-las a crescer em qualquer lugar do mundo. O Google oferece recursos, produtos para os empreendedores, além de conectá-lo às boas práticas para que as startups possam construir produtos e serviços ainda melhores.

Um das startups acelerada está baseada em Belo Horizonte. É Unmaze criada por Robson, um imigrante angolano que mora no Brasil desde 2016. Ele criou uma plataforma que conecta pessoas que querem ensinar inglês e pessoas que querem aprender.
 
A iniciativa também dá todo o suporte para os professores. Quando chegou ao Brasil se dedicou ao ensino de inglês e percebeu o baixo número de pessoas fluentes no inglês. "Talvez 95% das pessoas não falem inglês", argumenta.
 
Ele conta que a primeira vez no Brasil veio a passeio em 2014. "Naquele momento, o Google entrou na minha vida. Guiei-me pelo Google map e Google Earth", relembra. Ele iniciou trabalhando como professor de inglês, foi quando percebeu que poderia criar uma start up. 
 
André Barrence aconselha quem deseja criar uma startup. "O primeiro passo é identificar um problema que  muita gente enfrente e começar testar hipóteses como solucionar e quem estaria dispostos a pagar pela solução", diz.  Depois de identificado o ponto incômodo, iniciar o movimento de criação do produto. 
 
Mais informações aqui do Black Founders Fund 


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