Jornal Estado de Minas

'TUDO QUE NÓS TEM É NÓIS!'

Douglas Silva: quando o homem negro e a mulher negra se apoiam no BBB22


O ator Douglas Silva, muito conhecido pelo papel como Dadinho, no aclamado Cidade de Deus (2002), e Acerola em Cidade dos Homens (2002 – 2005), ganha visibilidade no BBB22 pelo cuidado com as sisters Naty e Jessi, colegas de confinamento que, como ele, são negras. E ele diz abertamente a razão: representatividade para as filhas Maria Flor e Morena.




 
Para quem pensa que o jogo é o mais importante, Douglas costuma colocar que não abre mão de alguns princípios. Um deles é valorizar a mulher negra, o que ele fez, por exemplo, quando foi o único a acolher Natália Deodato depois do Jogo da Discórdia em que ela foi alvo da casa; ou nos abraços carinhosos dados a Jessi.
 
Douglas costuma destacar a importância da representatividade na casa. Reflete acerca de como a conquista de uma pessoa negra abre a possibilidade para outras seguirem o mesmo caminho. “Quando eu vejo a oportunidade de pretos se ascenderem socialmente eu falo ‘mano, vamo em grupo, fazer a parada acontecer pra nós’”, disse em conversa com Scooby.



Apesar de ter firmado aliança com Arthur Aguiar, Pedro Scooby e Paulo André, já declarou abertamente sua torcida para que as mulheres negras cheguem à final. “Eu, Douglas, tenho uma questão minha. Douglas Silva, pai da Maria Flor, da Morena… Mano, eu quero muito ver vocês, mulheres pretas, na final. Eu quero muito que isso aconteça”, afirmou DG para Natália e Jessilane. Para além das alianças formadas, o ator acolhe e defende as duas participantes, sendo até criticado por isso por Scooby, que depois reconheceu que foi uma atitude “de coração” do amigo.





Na segunda festa da líder Jade (17/2), Douglas não poupou elogios ao comparar Eslovênia com Natália. "Ela (Eslô) faz um monte de merda e aceitam a mina. Por que não aceitam a Naty? A Eslô é uma princesa europeia, mas a Naty é uma princesa africana.", afirmou. Na mesma ocasião, o ator lembrou que em 22 edições do BBB, apenas uma mulher negra venceu o programa, reforçando sua vontade de ver uma final apenas com participantes negros.

DG, como é chamado pelos companheiros de confinamento, evita debates sobre o movimento negro, como quando questionado sobre termos racistas por Rodrigo Mussi e Naiara Azevedo. Ele diz que prefere tratar dessas discussões fora da casa, para não dar a impressão de querer crescer em cima de uma pauta tão séria. 

Mas essa decisão não impede que o ator se posicione pelo que acredita e defende. Diversas vezes DG exaltou sua trajetória, da periferia à carreira de ator, e suas conquistas. Tem orgulho de falar que cresceu em uma favela e se declara favelado, mesmo tendo se mudado para fora dela e, sempre que tem a chance, enaltece a beleza negra.
 
*Estagiário sob a supervisão de Márcia Maria Cruz