Jornal Estado de Minas

ESTADOS UNIDOS

Diretor de 'Pantera Negra' é acusado de tentar roubar sua própria conta

Ryan Coogler, responsável pela direção do filme da Marvel “Pantera Negra”, foi acusado de tentar assaltar uma unidade do Bank of America na cidade de Atlanta, capital do estado da Geórgia, nos Estados Unidos. O caso ocorreu em janeiro de 2022, mas veio à tona nesta quarta-feira (9/3).





Segundo um boletim policial do dia 7 de janeiro, Coogler foi detido e algemado após ir ao banco para sacar $12 mil em dinheiro. O diretor, que usava um chapéu, óculos escuros e uma máscara, de acordo com as regulamentações de prevenção contra a COVID-19, entregou uma nota para a atendente solicitando o saque de sua conta com discrição. Entretanto, ao ver que a operação ultrapassaria $10 mil, a atendente acionou seu gerente e, juntos, chamaram a polícia dando a descrição exata das roupas que Coogler vestia.

Ainda de acordo com o boletim, quatro policiais chegaram ao banco e encontraram dois colegas do diretor, que o aguardavam do lado de fora do estabelecimento com o motor do carro ligado. Eles foram detidos e colocados em uma viatura e Coogler foi algemado e levado do banco por dois policiais. Assim que a identidade e a conta no Bank of America foram confirmadas, os três homens foram liberados.

À revista estadunidense Variety, Coogler conta que “essa situação nunca deveria ter acontecido, mas o Bank of America trabalhou comigo e abordou o ocorrido para que eu ficasse satisfeito e, agora, ambos seguimos em frente”.





O diretor estava em Atlanta em janeiro por conta das gravações da continuação de “Pantera Negra”, “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre”.

Racismo

Casos como o de Ryan Coogler, infelizmente, são bastante comuns. Pessoas negras são, constantemente, seguidas dentro de lojas, confundidas com criminosos e abordadas pela polícia sem motivo aparente. “É a velha e historicamente construída estereotipação que relaciona o homem negro ao crime”, como conta Suzane Jardim, historiadora que pesquisa criminologia e racismo. “Hoje, isso é responsável por uma série de tiros ‘acidentais’ e de prisões arbitrárias, por exemplo”, completa ela.

Uma das atividades que melhor exemplificam situações como essa é um experimento de uma ação publicitária do Governo do Paraná que viralizou em 2017. No vídeo, comparavam-se fotos de pessoas em situações idênticas, incluindo roupas e acessórios, mas que se diferenciavam pelos modelos, que eram brancos ou negros em cada uma das imagens apresentadas.

Os resultados mostraram que as fotos com modelos brancos eram sempre pessoas bem sucedidas fazendo coisas do cotidiano, enquanto as com modelos negros ocupavam posições subalternas e/ou estavam cometendo algum delito.







No Brasil, em janeiro deste ano, o ator Michael B. Jordan, que atuou em “Pantera Negra”, foi colocado na lista de procurados de uma chacina no estado do Ceará pela Polícia Civil do Estado
 

O que é racismo?

O artigo 5º da Constituição Federal prevê que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.”

Desse modo, recusar ou impedir acesso a estabelecimentos, recusar atendimento, impedir ascensão profissional, praticar atos de violência, segregação ou qualquer outra atitude que inferiorize ou discrimine um cidadão motivada pelo preconceito de raça, de etnia ou de cor é enquadrado no crime de racismo pela Lei 7.716, de 1989.




Qual a diferença entre racismo e injúria racial?

Apesar de ambos os crimes serem motivados por preconceito de raça, de etnia ou de cor, eles diferem no modo como é direcionado à vítima. Enquanto o crime de racismo é direcionado à coletividade de um grupo ou raça, a injúria racial, descrita no artigo 140 do Código Penal Brasileiro, é direcionada a um indivíduo específico e classificada como ofensa à honra do mesmo.

Leia também: O que é whitewashing?

Penas previstas por racismo no Brasil

A Lei 7.716 prevê que o crime de racismo é inafiançável e imprescritível, ou seja, não prescreve e pode ser julgado independentemente do tempo transcorrido. As penas variam de um a cinco anos de prisão, podendo ou não ser acompanhado de multa. 

Penas previstas por injúria racial no Brasil

O Código Penal prevê que injúria racial é um crime onde cabe o pagamento de fiança e prescreve em oito anos. Prevista no artigo 140, parágrafo 3, informa que a pena pode variar de um a três anos de prisão e multa. 

Como denunciar racismo?

Caso seja vítima de racismo, procure o posto policial mais próximo e registre ocorrência.
Caso testemunhe um ato racista, presencialmente ou em publicações, sites e redes sociais, procure o Ministério Público e faça uma denúncia.


 
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira