Jornal Estado de Minas

VISIBILIDADE

Artistas de Minas integram campanha que dá visibilidade a favelas


A Havaianas, popular marca brasileira de chinelos, lançou a linha "Quebrada Cria" nesta segunda-feira (14/3) em uma parceria com a ONG Gerando Falcões. O projeto conta com cinco artistas de favelas que elaboraram quatro diferentes artes para estamparem as solas das sandálias: Robézio e Tereza, do Acidum Project (CE), Jamaikah (RS), Luis World (MG) e Wanatta (MG).





Segundo Beto Funari, CEO da empresa, a marca se tornou "uma tela em branco para que eles criassem as estampas da coleção ‘Quebrada Cria. As solas das Havaianas serão mais um canal de divulgação do trabalho deles". Beto também afirma que 7% do lucro das vendas será destinado para a ONG Gerando Falcões a fim de que o projeto, que já é uma potência de transformação social, continue se fortalecendo.

Além disso, a atriz e apresentadora Taís Araujo também se une ao projeto. Ela, que também é head de produtos sociais na Gerando Falcões, promove a linha em suas redes sociais e já doou seu cachê para a ONG. "Acho incrível a ideia de estampar nas sandálias obras de artistas tão talentosos de vários lugares do Brasil. Minha ideia na Gerando Falcões sempre foi ajudar a potencializar talentos e essa collab (colaboração) reforça exatamente esse lado, então, estou feliz em fazer parte disso", disse a atriz.

Os chinelos começam a ser vendidos em lojas físicas e no site da Havaianas ainda nesta segunda-feira (14/3). Pontos de vendas nas comunidades dos cinco artistas têm valores mais acessíveis.
 

 

Os artistas mineiros

Luis World é do Bairro Nacional, na periferia de Contagem, e, Wanatta, do Alto Vera Cruz, na Região Leste de Belo Horizonte. Ambos foram artistas selecionados pela ONG e pela Havaianas para elaborar um modelo exclusivo para a coleção e, também, pintar um muro nas comunidades onde vivem em parceria com a Outdoor Social, veículo publicitário pioneiro nas periferias.




 
O artista Luis World produz uma arte que representa os desejos de moradores das periferias (foto: Acervo Havaianas/Reprodução)
 

O modelo criado por Luis World traz a imagem de uma criança voando enquanto carrega um coração. Para o artista, o desenho simboliza a esperança, a força e o direito de ir e vir que todo morador de periferia deseja. "Acredito muito nas energias que absorvemos e emanamos no dia a dia e como elas contribuem para a criação da minha arte, principalmente pela essência do grafite, que é uma arte de construção coletiva. O coração na minha criação representa a visceralidade que eu busco nos meus trabalhos e essa pintura serve para reforçar que as pessoas da comunidade também merecem o amor e a liberdade", comentou Luís.
 
O artista Wanatta representa em sua arte diferentes gerações das favelas, proteção e esperança (foto: Acervo Havaianas/Reprodução)
 

Wanatta trouxe uma composição de elementos inspirados em tatuagens, um símbolo forte das comunidades e que carrega um desenho clássico ao mostrar uma onça protegendo sua cria - aqui representada por uma criança negra - que leva a favela no peito.  "Na minha criação eu busquei retratar quem eu sou enquanto artista e também quem eu sou enquanto pessoa de comunidade. As tatuagens foram uma das principais inspirações para a minha criação e, seguindo esses traços, a onça representa as mães das comunidades, que protegem suas crias com muita garra, já a criança representa as novas gerações, que carregam essa comunidade no peito e vão levar ela para o mundo", disse. 
 
Para eles, o projeto é um passo importante para levar a arte da periferia aos grandes centros e mostrar seu potencial. "A periferia é rica de artistas, e são artistas que querem mostrar seu trabalho", relata Luis World. "É uma oportunidade de mostrar uma nova estética para as pessoas. Uma estética que vem das ruas, das periferias", completou Wanatta.




 
 
O Acidum Project participou da primeira edição do CURA, colaborando na criação do primeiro mural de arte urbana do mundo (foto: Acervo CURA/Reprodução)
 
Também participaram os artistas do Acidum Project, que são do Ceará, mas já contribuíram para a cena cultural da capital mineira. A dupla fez parte da primeira edição do Circuito de Arte Urbana (CURA), que inaugurou o primeiro mirante de arte urbana do mundo ainda em 2017. Na ocasião, o duo pintou o mural "Curandeiras", de 850 m², na fachada cega do Edifício Rio Tapajós.
 

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