Em Nova York, Estados Unidos, uma mulher asiática de 67 anos foi atacada por um homem com 125 golpes no rosto e na cabeça. O agressor, identificado como Tammel Esco, de 42 anos, já está detido e possui antecedentes criminais relacionados a agressões.
Apesar do teor violento desse caso, ataques contra a comunidade asiática têm crescido nos últimos anos, principalmente em decorrência da pandemia da COVID-19. Segundo dados compilados pelo Center for the Study of Hate and Extremism (Centro para o Estudo de Ódio e Extremismo em tradução livre), só nos Estados Unidos, os crimes de ódio contra a comunidade AAPI (Asian Americans and Pacific Islanders, ou asiáticos-americanos e ilhéus do Pacífico) aumentaram 339% em 2021.
Segundo a polícia local, a vítima, que teve sua identidade preservada, estava entrando em seu prédio na noite do dia 11 de março quando o homem gritou para ela insultos raciais. Ignorado, foi atrás dela e, já dentro do saguão do edifício, desferiu o primeiro golpe, que a derrubou. Com ela no chão, iniciou uma sequência de agressões que resultou em várias contusões, lacerações, fraturas em ossos do rosto e hemorragia cerebral.
Uma testemunha chamou a polícia e interferiu na ação ao bater na porta de vidro que separava o saguão da rua. “Chamei a atenção dele e, só aí, ele saiu de cima da mulher. Assim que passou pela porta, foi para um canto e ficou com as mãos para cima”, conta em entrevista à NBC New York.
O ataque foi gravado por uma câmera de segurança e o vídeo foi muito compartilhado nas redes sociais. Além dos socos, Esco também pisou e cuspiu na idosa, que está internada com um quadro estável.
Crimes de ódio contra asiáticos
O ano de 2020 foi o estopim no aumento de casos de crimes de ódio contra asiáticos. Trata-se do período em que dados sobre a pandemia ainda pareciam incertos e toda a comunidade asiática amarela passou a ser alvo de xenofobia e racismo. Pelo fato de os primeiros casos de contaminação terem aparecido em Wuhan, na China, boa parte da sociedade começou a enxergar as pessoas com fenótipos asiáticos como vetores em potencial.
As primeiras consequências do estigma que viria a ser formado começaram a aparecer em pouco tempo. Inúmeros relatos de olhares tortos em transportes públicos, de recusas de atendimento em determinados estabelecimentos e de ofensas verbais e físicas começaram a aparecer em centros especializados para essas denúncias e em redes sociais, tendo muitos compartilhamentos.
Um dos casos mais populares ocorreu em outubro de 2020, no Canadá, e viralizou após ser publicado no TikTok. O vídeo mostra uma mulher branca sem máscara dentro de um ônibus com uma expressão de desprezo. Em poucos segundos, ela cospe em um homem asiático que estava sentado a alguns centímetros de distância. Ele se levanta e a empurra da porta do veículo, que estava parado.
Quatro meses depois, em março de 2021, há uma série de tiroteios em spas nos Estados Unidos cujas vítimas foram, majoritariamente, mulheres asiáticas amarelas que trabalhavam nesses ambientes. Apesar de o atirador afirmar que não houve motivação racista, o xerife do condado local disse que o suspeito publicou em suas redes sociais fotos de camisetas culpando a China pelo vírus.
Em decorrência dessas e de muitas outras agressões, o movimento Stop Asian Hate (Pare com o Ódio aos Asiáticos em tradução livre), que visa denunciar e lutar contra os crimes de ódio contra a comunidade asiática, também passou a ganhar relevância.
Dados sobre os incidentes
Apesar de as agressões ocorrerem no mundo todo, os Estados Unidos aparecem neste cenário de maneira mais expressiva. Em um relatório publicado pelo Stop AAPI Hate (Pare com o Ódio aos AAPI em tradução livre) no início do mês, de março de 2020 a dezembro de 2021, 10.905 incidentes de ódio, violência, assédio, discriminação e intimidação infantil foram reportados em sua plataforma.
Os dados ainda trazem mais detalhes: 63% dos registros foram de assédio verbal; 16,2% foram físicos; e 16,1% foram completamente ignorados em tentativas de interação O restante da porcentagem agrupa casos que ocorreram online, discriminação em ambiente de trabalho, tosses e cuspes direcionados à vítima, roubos e vandalismo, além de negação de serviço. Quase metade dos incidentes (48,7%) aconteceu em locais públicos, como ruas (31,2%), transporte (8,4%) e parques (8%) e 61,8% dos ataques foram direcionados às mulheres.
A pesquisa também faz uma divisão de grupos étnicos, revelando que sino-americanos são os que mais sofrem, totalizando 42,8% dos incidentes reportados. Coreanos-americanos foram 16,1%, filipinos 8,9%, nipo-americanos 8,2% e vietnamitas-americanos 8%.
Segundo os criadores da plataforma, no entanto, estes números representam apenas uma parcela do número real de casos, uma vez que grande parte das vítimas acabam não reportando determinados incidentes.
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*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz