O termo "gordofobia" vem da união das palavras "gordo" e "fobia" (medo ou aversão, em latim) e se tornou pauta recorrente nas redes sociais por abordar o preconceito social com corpos gordos, num debate que vai muito além da questão médica. Ser gordo representa uma quebra do padrão estético e social esperado. Neste episódio do podcast DiversEM, conversamos com a colunista do Estado de Minas Jéssica Balbino e a escritora norte-americana Crystal Maldonado sobre os reflexos da gordofobia sobre as vítimas dessa violência.
Além de comentários indesejados e negativos ao corpo gordo e a cobrança estética, a jornalista Jéssica Balbino conta que a violência surge de várias formas, como na rejeição em espaços públicos e privados, desqualificação de capacidades físicas e intelectuais de uma pessoa, entre outras.
"A gente perde tanto tempo tentando adequar o nosso corpo para a visão do outro, que a gente não passa o tempo fazendo aquilo que a gente queria fazer", afirma. Aos 4 anos, Jéssica foi impedida de brincar com seus colegas por ser gorda. Na adolescência, um sentimento de culpa a consumia. Para a jornalista, ela estava sendo punida por ser gorda.
Ela conta que mudou a percepção sobre seu corpo após a morte de uma amiga próxima. Naquele momento, ela percebeu que investia mais tempo em tentar mudar o seu corpo para o outro do que viver a vida como gostaria. "Se eu morrer agora, o tamanho do meu corpo não vai importar. O que importa é quem eu fui como pessoa", explica.
Representação de corpos gordos na mídia
Jéssica critica o fato de muitas marcas exporem pessoas com curvas em campanhas para representar pessoas gordas, o que não é uma representação real. Além disso, a jornalista diz que personagens gordos em filmes e séries devem ser retratados com mais camadas do que somente o corpo.
Para ela, a personagem Kat, interpretada por Barbie Ferreira na série “Euforia”, é um bom exemplo a ser seguido, mas essa representação também deve estar presente na vida real. Tiago Abravanel, Mariana Xavier, Barbie Ferreira e Jojo Toddynho são exemplos de personalidades públicas com corpos gordos. Ao ocupar um espaço de destaque social, os artistas catalisam a luta contra a gordofobia.
Debate dentro da literatura
A escritora Crystal Maldonado, autora do livro “Fat Chance: A vez de Charlie Vega”, vencedor do prêmio New England Book em 2021, tem se destacado no debate sobre a gordofobia com uma linguagem jovem em suas obras. Seu livro de estreia narra a vida de uma adolecente gorda tendo de lidar com as responsabilidades e as paixões enquanto explora, também, a relação com o próprio corpo.
IT%u2019S TODAYYY!!! My sweet girl Kat Sanchez makes her way into the world and I couldn%u2019t be more grateful. Not long ago, I couldn%u2019t even imagine holding a book I%u2019d published %u2014 and now there are two %uD83D%uDE2D Thank you so much and happy NO FILTER AND OTHER LIES day! pic.twitter.com/p1xm9zUMD3
%u2014 Crystal Maldonado (@crystalwrote) February 8, 2022
Conheça o podcast DiversEM
O podcast DiversEM é dedicado ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar além do convencional. Cada episódio será uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar único e apurado de nossos convidados. O podcast DivesEM é uma produção dos núcleos de Diversidade e de Criação Multimídia do jornal Estado de Minas, com periodicidade quinzenal.*Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Alves