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Estado de Minas PODCAST

De que forma a gordofobia limita a existência de pessoas gordas?

Entenda como o preconceito afeta a vida das vítimas, barra oportunidades de trabalho e provoca doenças e transtornos psicológicos


24/03/2022 07:00 - atualizado 21/03/2022 18:25

arte abstrata com círculos maiores ao centro e círculos menores ao lado, representando gordofobia
(foto: Arte: Soraia Piva/EM/D.A Press)

O termo "gordofobia" vem da união das palavras "gordo" e "fobia" (medo ou aversão, em latim) e se tornou pauta recorrente nas redes sociais por abordar o preconceito social com corpos gordos, num debate que vai muito além da questão médica. Ser gordo representa uma quebra do padrão estético e social esperado. Neste episódio do podcast DiversEM, conversamos com a colunista do Estado de Minas Jéssica Balbino e a escritora norte-americana Crystal Maldonado sobre os reflexos da gordofobia sobre as vítimas dessa violência.

Além de comentários indesejados e negativos ao corpo gordo e a cobrança estética, a jornalista Jéssica Balbino conta que a violência surge de várias formas, como na rejeição em espaços públicos e privados, desqualificação de capacidades físicas e intelectuais de uma pessoa, entre outras.



"A gente perde tanto tempo tentando adequar o nosso corpo para a visão do outro, que a gente não passa o tempo fazendo aquilo que a gente queria fazer", afirma. Aos 4 anos, Jéssica foi impedida de brincar com seus colegas por ser gorda. Na adolescência, um sentimento de culpa a consumia. Para a jornalista, ela estava sendo punida por ser gorda. 

Ela conta que mudou a percepção sobre seu corpo após a morte de uma amiga próxima. Naquele momento, ela percebeu que investia mais tempo em tentar mudar o seu corpo para o outro do que viver a vida como gostaria. "Se eu morrer agora, o tamanho do meu corpo não vai importar. O que importa é quem eu fui como pessoa", explica. 

Representação de corpos gordos na mídia

Jéssica critica o fato de muitas marcas exporem pessoas com curvas em campanhas para representar pessoas gordas, o que não é uma representação real. Além disso, a jornalista diz que personagens gordos em filmes e séries devem ser retratados com mais camadas do que somente o corpo.

arte mostra a figura de uma pessoa gorda à esquerda uma tesoura sobre uma linha pontilhada ao centro e pessoas magras à direita
(foto: Arte: Soraia Piva/EM/D.A Press)


Para ela, a personagem Kat, interpretada por Barbie Ferreira na série “Euforia”, é um bom exemplo a ser seguido, mas essa representação também deve estar presente na vida real. Tiago Abravanel, Mariana Xavier, Barbie Ferreira e Jojo Toddynho são exemplos de personalidades públicas com corpos gordos. Ao ocupar um espaço de destaque social, os artistas catalisam a luta contra a gordofobia. 

Debate dentro da literatura

A escritora Crystal Maldonado, autora do livro “Fat Chance: A vez de Charlie Vega”, vencedor do prêmio New England Book em 2021, tem se destacado no debate sobre a gordofobia com uma linguagem jovem em suas obras. Seu livro de estreia narra a vida de uma adolecente gorda tendo de lidar com as responsabilidades e as paixões enquanto explora, também, a relação com o próprio corpo.



Conheça o podcast DiversEM

O podcast DiversEM é dedicado ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar além do convencional. Cada episódio será uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar único e apurado de nossos convidados. O podcast DivesEM é uma produção dos núcleos de Diversidade e de Criação Multimídia do jornal Estado de Minas, com periodicidade quinzenal.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Alves


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