Jornal Estado de Minas

SEM PROTEÇÃO

Sem escolta, Andréia de Jesus recebe ameaça de morte

 
 
Andréia de Jesus (PSOL), deputada e atual presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, sofreu uma nova ameaça de morte enviada por e-mail na segunda-feira (21/3). O texto, que continha ofensas racistas e misóginas, também comparava Andreia à vereadora Marielle Franco, cuja morte completou quatro anos na semana passada.





Segundo a assessoria da deputada, a mensagem dá indícios de que possa ter vindo de grupos supremacistas brancos e de homens que defendem o comportamento predador masculino. Esses grupos costumam ser populares na deep web, particularmente no  Dogolachan. A comunidade é uma espécie de seita virtual de extrema direita, racista, misógina e LGBTQfóbica que costuma atacar parlamentares que defendem pautas de Direitos Humanos.

O ataque se deu menos de uma semana da retirada da escolta de Andréia, que ocorreu na última sexta-feira (18/3). A deputada havia recebido este direito quando foi ameaçada de morte após anunciar que acompanharia as investigações de uma operação policial em Varginha, no Sul de Minas, que deixou 26 mortos em outubro de 2021.

A assessoria da deputada afirmou, em documento emitido na semana passada, que a suspensão de sua escolta aconteceu em um momento emblemático - na mesma semana em que a morte de Marielle Franco completou quatro anos e quando a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) começava a convocar possíveis suspeitos da primeira ameaça para uma oitiva.





“É possível que sirva de gatilho para novas ameaças, novas manifestações de ódio ou condutas ainda mais graves contra a deputada”, afirmou a equipe de Andréia, que ainda reforçou a importância de uma escolta ao relembrar que, no último dia 7, ao tentar visitar uma comunidade quilombola no Norte de Minas, Andréia sofreu uma tentativa de intimidação por funcionários de um latifundiário local.

Por meio de nota, a PCMG declarou que já instaurou um procedimento para apurar as ameaças e injúrias virtuais contra a vítima, bem como as circunstâncias, a motivação e a autoria do crime. Segundo a assessoria, a investigação encontra-se em fase avançada, mas tramita sob sigilo.

Já a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) alega que, depois de uma análise do Serviço de Inteligência, foi verificado que não havia mais motivações para a permanência da escolta e que, por este motivo, a equipe já foi remanejada para atender a outras demandas da população mineira.




 

Ouça e acompanhe as edições do podcast DiversEM




podcast DiversEM é uma produção quinzenal dedicada ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar além do convencional. Cada episódio é uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar único e apurado de nossos convidados.

 
 
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz