Contrariando declarações feitas ao tomar o poder no Afeganistão, de que não seria tão rigoroso como durante a primeira vez que tomou o governo do país, o Talibã revogou, na manhã desta quarta-feira (23),a permissão para que meninas tenham acesso a ensino. A decisão chegou algumas horas depois da abertura das escolas, deixando várias alunas aos prantos.
Leia Mais
Encontro Mineiro de Mulheres com Deficiência discutirá facetas do capacitismo 'This is not America' crítica Bolsonaro por tratamento a indígenasUma em cada três pessoas negras foi vítima de racismo no transporte públicoIndígena Xavante representará o Brasil em competição de Cross Country
O Talibã tomou o poder no Afeganistão em agosto de 2021, e todas as escolas foram fechadas. Foi imposto uma série de restrições às mulheres, sendo banidas de muitos empregos no governo, suas roupas policiadas e proibidas de viajar para fora de suas cidades desacompanhadas.
Em setembro, meninos de todas as idades e apenas meninas até 12 anos tiveram permissão para voltar aos estudos, e que as meninas, a partir do 6º ano, seriam permitidas apenas depois que a segurança melhorasse e fossem contratadas professoras em número suficiente para que as aulas pudessem ser totalmente separadas pelo gênero.
Nesta segunda, 21 de março, o Ministro da Educação declarou que todas as escolas, incluindo as de ensino médio para meninas reabririam na quarta. E no dia seguinte, foi divulgado um vídeo do ministro parabenizando o retorno de todos os alunos aos estudos.
A suspensão das aulas pegou diretoras e professoras de surpresa, sob a alegação de ainda faltar professoras e uniformes religiosos para que as escolas operarem sob os princípios islâmicos.
"O Talibã continuará a encontrar desculpas para impedir que as meninas aprendam porque tem medo de meninas educadas e mulheres autogovernadas", declarou Malala sobre a decisão.
A revogação do direito ao acesso à educação pelas meninas poderá afetar a credibilidade do Talibã no cenário internacional, afastando possíveis doadores, que ajudariam na crise de alimentos e econômica que o Afeganistão enfrenta. Uma das principais demandas da comunidade internacional era a garantia do direito à educação às meninas e mulheres para concessão de ajuda financeira.
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz