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Estado de Minas ARTE E RELIGIÃO

Espetáculo apresenta a religiosidade de matriz africana por meio da dança

'Lembrança de um Corpo Ancestral' usa a música e a dança como forma de refletir sobre a diversidade e o preconceito


08/04/2022 13:44 - atualizado 11/04/2022 10:15

Integrantes da Cia Motumbá
"Quando eu abordo esse assunto, eu não estou falando só de mim, estou falando de uma comunidade que é reprimida", conta Lu Silva, diretora do espetáculo (foto: Divulgação)


O desdobramento de um episódio de racismo religioso foi a inspiração para Lu Silva criar “Lembrança de um Corpo Ancestral”, um espetáculo da Cia. Motumbá que apresenta a religiosidade de matriz africana e a diversidade por meio da dança, do canto e do ritmo marcante da percussão. A apresentação conta, ainda, com a participação especial de Tavinho Leoni, destaque no Voice Kids 2016, no violão.

A vítima da intolerância foi a filha de Lu, Drica Silva. Ela foi iniciada no candomblé aos sete anos, em 2017, e, ao ir para a escola paramentada com contas e touca, sofreu diversos episódios de racismo. A partir disso, a Cia. Motumbá, levou para os palcos a celebração a Exu e aos elementos da natureza para alertar sobre as consequências que o racismo causa no corpo e na mente.

“Quando eu abordo esse assunto, eu não estou falando só de mim, estou falando de uma comunidade que é reprimida, discriminada e que não tem voz, onde os nossos orixás são demonizados, e não é isso, a gente cultua os elementos da natureza, não são demônios”, conta Lu Silva, diretora geral do espetáculo. 

Na apresentação, Drica Silva se junta à sua mãe, Lu, e às bailarinas Elba Santos e Bárbara Martins para performar coreografias compostas por ritmos e movimentos ancestrais que influenciam a comunidade negra brasileira e reafirmam os laços identitários entre África e Brasil. Os movimentos inspirados no cotidiano e no candomblé permeiam cenas de acolhimento, diálogos e aconselhamentos chegando à conclusão que as vivências ancestrais são maiores que o racismo e sobre a importância de não abaixar a cabeça. 

Cena do ensaio da peça 'Lembranças de um Corpo Ancestral'
Ensaio do espetáculo "Lembranças de um Corpo Ancestral" (foto: Reprodução)


Lu Silva conta que músicas que dialogam com a juventude como ‘Rito de Passá’ de Mc Tha e ‘Breu’ de Xênia França serão interpretadas por Lu Silva e por Sergio Diaz. “É através da música que o espetáculo traz a comunhão entre África e Brasil. É a ancestralidade do que veio do passado e está no presente” explica.

Apesar de não ser uma denúncia, “Lembrança de um Corpo Ancestral” circula pela capital desde 2017, inclusive por escolas da capital, e se propõe a convidar os espectadores à reflexão sobre o racismo, a diversidade das culturas, a ecologia do sagrado, a força da natureza e seus elementos.

 Ao apresentar em escolas, Lu percebe que o espetáculo abre espaço para que outras crianças se vejam representadas de forma aberta, gerando representatividade. Além disso, a arte toca e sensibiliza pessoas de todas as idades, sendo mais eficiente que outras formas de conscientização.

Do sonho para a realidade

A Cia Motumbá nasceu em 2015 do sonho da artista e coreógrafa de dança popular Lu Silva, juntamente com a vontade de artistas do aglomerado Morro das Pedras e de outras regiões de Belo Horizonte em construir um coletivo que dialogasse com a cultura de raiz. 

Lu Silva ao lado do, também idealizador, Rômulo Dinn, percussionista, arte-educador e morador do aglomerado Morro das Pedras, iniciam intervenções artísticas com oficinas de dança e percussão reunindo crianças, jovens e mulheres da comunidade. Na companhia, são todos gestores: Elba Santos é professora e pesquisadora da dança de matriz africana, Barbara Martins atua como professora, Ogan Jacson é percursionista na companhia, Daniel e Romulo atuam na capoeira como mestre e instrutor, respectivamente. 

Serviço: 
Lembrança de um Corpo Ancestral (on-line e gratuito)
Data: 9 de abril (sábado)
Horário: 20h


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