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Estado de Minas INFORMAÇÃO E INCLUSÃO

Aplicativo facilita o acesso de deficientes visuais à conteúdo jornalístico

A plataforma faz parte de um estudo que mostrou que a população cega está à margem da produção e consumo de informações por falta de acessibilidade


12/04/2022 09:32 - atualizado 13/04/2022 11:57

Equipe de desenvolvimento do projeto 'Acessibilidade jornalística - Um problema que ninguém vê'
Equipe desenvolve pesquisa sobre acessibilidade de notícias para pessoas cegas que gera aplicativo inclusivo (foto: Niedja Dias/Unicap)

O aplicativo Lume permite acesso de pessoas com deficiência visual a conteúdos jornalístos. A ferramenta foi lançada, nesta segunda-feira (11/04) e faz parte do projeto “Acessibilidade jornalística – um problema que ninguém vê”, desenvolvido  pela agência Marco Zero Conteúdo e pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), que também conta com uma pesquisa sobre acessibilidade e inclusão.  A acessibilidade foi uma das preocupações que guiou a criação do aplicativo de notícias no Estado de Minas também.

A fase inicial de pesquisa revelou que a população cega brasileira, apesar de corresponder a 6,5 milhões de brasileiros segundo o IBGE, não tem acessibilidade adequada a conteúdos jornalísticos. O estudo revelou que as pessoas com deficiência visual são deixadas à margem da produção e consumo de conteúdo jornalísticos e, consequentemente, acabam vítimas de fake news e desinformação. 

“É importante permitir a essas pessoas o acesso à informação para que elas possam construir senso crítico, senso político, senso social e é lendo informações que a gente constrói nossa percepção de mundo”, afirma Mariana Clarissa, idealizadora do projeto.

Desenvolvimento do projeto

O projeto de acessibilidade foi idealizado pela jornalista Mariana Clarissa para seu mestrado em Indústrias Criativas da Unicap. Como Mulher negra, a primeira intenção de Mariana Clarissa, era construir um agregador de notícias negras, porém, já existem diversos canais e portais nesse nicho. 

Um dia, trabalhando na Secretaria de Desenvolvimento Social da Criança e Juventude de sua cidade, uma pessoa com deficiência comentou com a jornalista sobre a dificuldade de acesso nos portais da prefeitura. O comentário surgiu como ponto de partida para a pesquisa que resultou no aplicativo.

Mão segurando celular mostrando tela inicial do aplicativo Lume
Aplicativo Lume garante acessibilidade de pessoas com deficiência visual a notícias (foto: Izabella Caixeta)


O aplicativo traz como diferenciais a descrição de todos os ícones imagéticos, desde a seta de voltar até as imagens presentes nas matérias, permite a interação dos leitores com a notícia, como curtir e compartilhar, se aproximando de uma rede social e oferece informação checada e de qualidade, que não permite a divulgação de fake News no Lume.

 “A gente vive em uma realidade em que imagem pode ser complemento da informação, mas, muitas vezes, ela é a própria informação. Então a gente está negando para uma grande parcela da população a informação de uma foto, de como essa foto é importante para a matéria. Tem fotos que são emblemáticas e as pessoas com deficiência visual não têm essa informação com facilidade”, afirma Mariana.

Nas próximas fases do projeto será entregue um manual de boas práticas voltado para jornalistas, para que outros veículos possam aplicar acessibilidade em seus portais e um portal de verificação de acessibilidade. “A gente quer expandir para outros jornais e outras empresas jornalísticas no Brasil, a ideia da gente é apostar em diversidade mesmo e trazer acessibilidade para outros lugares e portais”, conta.


Os desafios nas plataformas

Em entrevistas com 17 pessoas com diferentes níveis de cegueira ou baixa visão, foi verificado que o celular é a ferramenta mais utilizada pelo grupo, sendo o Whatsapp indicado como o aplicativo de comunicação mais acessível. Entretanto, todos os entrevistados já foram vítimas de fake news recebidas pelo aplicativo de conversa. Já o Instagram foi apontado como o aplicativo menos acessível por 13 participantes, por ser uma plataforma baseada em imagens e desenvolvida para pessoas com visão plena.

O acesso às plataformas é feito principalmente por meio das funcionalidades do Google Chrome e de aplicativos de leitores de telas nos celulares como Talback, Sullivan e Dosvox. Além da falta de implementação de audiodescrição e formatos alternativos de consumo das notícias, foi identificado que elementos como publicidades, anúncios, cookies, pop ups, spam e plugins prejudicam a leitura dos conteúdos.

Cerca de 10% do conteúdo é acessível


O aplicativo do Estado de Minas foi criado guiado pela premissa de acessibilidade. Ele permite a leitura das notícias, inclusive das legendas. Em 53 organizações jornalísticas participantes, de todas as regiões do Brasil, 98,1% não contam com pessoas com deficiência visual em suas equipes.
 
Cerca de 90,6% dos conteúdos produzidos não são destinadas a esse público, sendo que apenas 9,4% das organizações afirmaram que todos os conteúdos produzidos já são acessíveis. Além disso, 71,7% dos jornalistas afirmam não saber sobre técnicas de acessibilidade e apenas 37,7% dos jornalistas responderam que já realizaram reportagens adaptadas a pessoas cegas ou com baixa visão.

Em um segundo momento da pesquisa, foram analisados 21 sites de conteúdo jornalísticos, sendo 12 deles site citados no ranking nacional dos portais de notícias mais acessados no país de acordo com a Digital News Report 2021, da Reuters Institute. Para a análise, foi considerado os 13 critérios de acessibilidade estabelecidas pela World Wide Web Consortium (W3C), divididos em três níveis e nenhum portal cumpriu integralmente os critérios mais básicos de acessibilidade.


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podcast DiversEM é uma produção quinzenal dedicada ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar além do convencional. Cada episódio é uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar único e apurado de nossos convidados.

 
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz 


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