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Estado de Minas DIA DOS POVOS INDÍGENAS

Abya Yala: saiba como funcionará a primeira feira indígena de BH

A feira será um espaço de apoio e visibilidade à cultura dos cerca de 5 mil indígenas que vivem na capital e região metropolitana


19/04/2022 08:40 - atualizado 19/04/2022 09:29

Grupo de indígenas de diversas etnias segura a bandeira wiphala ao centro.
Feira Abya Yala será semanal e ocorrerá toda quinta-feira na Praça Afonso Arinos. (foto: Aline Ramos/Divulgação)

 
No Dia de Resistência e Luta dos Povos Indígenas, neste 19 de abril, será realizada pela primeira vez, em Belo Horizonte, a Feira Abya Yala, evento dedicado à cultura indígena. Os expositores ficarão na praça Afonso Arinos, no Centro, e mostram os trabalhos a partir das 9h desta terça-feira.

A feira será um espaço de apoio e visibilidade à cultura dos cerca de 5 mil indígenas que vivem na capital e  na região metropolitana. Também é um espaço para indígenas que migraram de outros países latino-americanos para a capital mineira. 
  
“O evento é importante nesse momento histórico em que as pessoas começam a perceber que essa forma de produzir no mundo, à base da destruição da Mãe-Terra, do super consumo, e da lógica de vida artificial não responde mais. A feira traz a cosmovisão dos povos indígenas, que respeita a Mãe-Terra, que não explora os seus recursos e mostra que é possível outra forma de viver e existir”, ressalta Avelin Buniacá Kambiwá, uma das organizadoras.
 
O projeto é desenvolvido pelo Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas (CMACI) em parceria com o coletivo de mulheres migrantes Cio da Terra e com apoio da Prefeitura de Belo Horizonte.
  
Avelin com cocar e acessórios tradicionais indígenas, segura cartaz em uma manifestação.
Abya Yala quer dizer Terra Viva, sendo usado como sinônimo de América. (foto: Arquivo Pessoal)


A feira contará com 16 expositores de diversas nacionalidades e etnias. Quem comparecer ao local encontrará comidas típicas para a venda, cestarias, peças em madeira, bonecas e crochês do Povo Kambiwá, rapé e especiarias indígenas. Arte em madeira do povo Pataxó, utensílios domésticos e acessórios, pedras e cristais das mulheres de Aymara, da Bolívia, além de tecidos e vestimentas peruanas. As roupas, bolsas e outras peças coloridas da República Democrática do Congo estarão também expostas no local.

Conquistas municipais

A feira Abya Yala é uma conquista da luta dos povos originários, assim como a Semana Municipal dos Povos Indígenas. Sancionada em março, a Lei Municipal 11.348/2022 é de autoria da vereadora Duda Salabert (PDT) e estabelece a semana entre os dias 9 e 15 de agosto para eventos de apoio e manifestações culturais indígenas na capital.

Após o evento desta terça-feira, a feira será semanal, ocorrendo todas as quintas na praça Afonso Arinos. A próxima edição está marcada para o dia 28 de abril. 

Abya Yala

O nome da feira, Abya Yala, é uma referência à Terra, na linguagem do povo Kuna. Significa casa-território, Terra Viva ou Terra em reflorescimento, sendo sinônimo de América. O povo Kuna é originário da Serra da Nevada, no norte da Colômbia, e já habitou a região do Golfo de Urabá e das montanhas de Darien. 

Atualmente, vivem na costa caribenha do Panamá, na Comarca de Kuna Yala (San Blas).  A expressão vem sendo usada pelos povos originários do continente americano com o objetivo de construir um sentimento de unidade e pertencimento. 

Sobre os organizadores

O Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas (CMACI) foi fundado em 2012, com o objetivo de apoiar pessoas indígenas de BH e da região metropolitana a lutarem pela retomada de seus territórios e aldeias. Ele é formado por homens, mulheres e crianças originários e tem apoio de voluntários não-indígenas. 


O Coletivo Cio da Terra foi formado em 2017, e é composto por mulheres migrantes, refugiadas e apátridas em Belo Horizonte. A proposta é fortalecer o trabalho autônomo e auxiliar na inserção laboral; e fomentar discussões de assuntos relevantes que contribuam para a construção e reflexão de políticas públicas.

 
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz 



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