A paranaense Elaine Luzia dos Santos, de 33 anos, quebrou barreiras ao se tornar a primeira pessoa com tetraparesia a se formar em medicina no Brasil. A médica se formou em março deste ano e aprendeu a se comunicar com o olhar para completar o curso depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) em novembro de 2014.
Depois de se recuperar, Elaine não se deixou abalar pelas dificuldades impostas e seguiu seu sonho: aprendeu a se comunicar com o auxílio de uma prancha alfabética e recebeu ajuda dos pais nas tarefas diárias. “Assim que ela saiu do hospital, ela entrou em férias e já demonstrou uma preocupação em como ficariam as disciplinas para finalizar o terceiro ano, e ela queria finalizar, na expectativa que ela tivesse uma melhora”, conta Elionésia Marta dos Santos, irmã da médica.
"A dedicação dela mostrou que era possível, inclusive convenceu a todos os docentes e os alunos do curso que é possível"
Ivã José de Paula, membro do Programa de Educação Especial da Unioeste
Inicialmente, integrantes do curso viram como inviável o retorno de Elaine à graduação, porém, por meio do Programa de Educação Especial (PEE) da Unioeste, a estudante voltou às atividades acadêmicas depois de quase um ano, em setembro de 2015. “Fizemos algumas reuniões com o colegiado e mostramos que ela tinha condições de concluir esse curso. A dedicação dela mostrou que era possível, inclusive convenceu a todos os docentes e os alunos do curso”, explica Ivã José de Paula do PEE.
O processo de adaptação à universidade foi único, uma vez que não havia precedentes no Brasil. Participava de todas as aulas, tanto teóricas quanto práticas, com estruturas que a permitiam acessar os ambientes, e demostrava seu aprendizado. “O que mais chamou atenção foi o carinho com que os pacientes me tratam. Eles me incentivam todos os dias a continuar”, conta Elaine.
Como especialização, a médica pretende seguir a radiologia, na produção de laudos médicos. “É uma área que eu possa atuar usando todo o meu conhecimento sem depender tanto das pessoas”, afirma.
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*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz