Depois de dois anos suspensa devido à pandemia de COVID-19, a competição brasileira LGBTQIA de handebol, a Queer Cup, volta para sua terceira edição no Centro Olímpico em São Paulo, entre os dias 20 e 22 de maio. O Fadas Handebol, primeiro time LGBTQIA da modalidade em São Paulo, será o anfitrião do campeonato.
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Na edição deste ano, cinco equipes estarão na disputa: Bharbixas, de Belo Horizonte-MG; LendáRios, do Rio de Janeiro-RJ; e Bulls, de São Paulo-SP e o organizador Fadas Handebol, cuja equipe conta com 26 atletas e participa do campeonato com dois times.
“A gente quer não só simplesmente ter um campeonato, mas fazer esse momento ser marcado para as pessoas e atletas que estarão aqui com momentos especiais”, conta Lucas. “Queremos que sejamos mais vistos, mais valorizados e que tenhamos uma força na sociedade”, completa.
No período da pandemia, o Fadas Handebol conquistou o reconhecimento oficial tanto pela Federação Paulista de Handebol, quanto pela Confederação Brasileira de Handebol (CBHb). “Ter uma instituição na qual somos considerados e reconhecidos é muito importante, não só para nós Fadas, mas para o nosso âmbito nacional como handebol. Tem outras equipes pelo Brasil que, de fato, tem esse mesmo ideal de realmente ser inclusivo. Esse reconhecimento mostra que a gente pode ser muito mais do que imagina”, declara Lucas.
BH na Queer Cup
O time que representará Belo Horizonte na Queer Cup, o Bharbixas, começou como uma equipe de futebol. O time surgiu como uma junção de amigos que não se sentiam confortáveis em jogar nos respectivos times, e começaram a jogar juntos. Com o tempo expandiu para vôlei, handebol, rugby e um grupo de dança da Pedreira Prado Lopes.
A equipe Bharbixas participou da primeira Queer Cup, em Curitiba, e ficou em segundo lugar. Na segunda edição, não conseguiram viabilizar o transporte para o Rio Grande do Sul e ficaram fora da competição. A equipe se mantém com recursos da mensalidade paga pelos atletas, rifas e arrecadação, além do apoio do projeto Escola Aberta.
O ator e contador Alexsander Magalhães integra o Barbixas desde 2018 e conta que muitos times LGBTQIA não participam de campeonatos convencionais devido ao preconceito. O Bharbixas vai na contramão, incluindo atletas LGBTQIA.
“A gente, como um time LGBTQIA, entra em um campeonato tradicional e tem uma pessoa ali que vê aquele time dentro de quadra, ela se sente representada. Essa é a função de um time inclusivo. Nós queremos atingir aquele jovem que nunca se viu representado, e falar para ele ‘aqui também te cabe, aqui também é seu espaço, tem um lugar onde você vai ser acolhido sempre’”, conta Alexsander.
Na Queer Cup, Alexsander afirma que o Bharbixas está indo para ganhar, mas que o evento vai muito além de uma simples competição. “A Queer Cup é uma celebração por estarmos vivos, por estarmos fortes. Claro que existe a competitividade, mas fora das quatro linhas tem uma confraternização com os demais times", avalia. Ele não tem dúvida que embora cada equipe venha de uma parte do Brasil, as histórias dos atletas se parecem. "Vencemos juntos”, conclui.
Serviço
Evento: Queer Cup
Data: 20 a 22/05
Local: Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa Marechal Mário Ary Pires (COTP), São Paulo-SP
Transmissão: a definir.
Times participantes: Fadas Handebol (A e B), Bulls, LendáRios e Bharbixas
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz
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