Todos os dias, a aluna do 5º período do curso de Farmácia da Universidade de Uberaba (Uniube), Flávia Emanuely Borges Dutra, viaja de ônibus de Sacramento a Uberaba - cerca de 150 quilômetros, ida e volta - acompanhada de sua mãe, Roselene Borges da Cunha.
Com paralisia cerebral, a universitária de 27 anos é assistida diariamente por sua genitora, que a espera do lado de fora da sala, sentada em um banco, até que o encerramento da aula.
“O nosso sonho é o mesmo”, diz Flávia, destacando a ajuda da mãe para conseguir realizar o sonho de concluir a graduação em Farmácia.
Para que a universitária possa estudar em casa, Roselene também cuida da neta de 4 anos, filha de Flávia, que é casada. “Se não fosse essa rede de apoio, eu não conseguiria me dedicar tanto ao estudo igual eu consigo”.
“Ela está pronta para o que der e vier. Ela me acompanha sem pestanejar, sem reclamar. Tudo o que ela faz por mim e todo o amor que ela dá para mim assim é uma coisa de quem não quer nada em troca”, complementa Flávia, emocionada.
A paralisia cerebral da estudante, diagnosticada quando ela tinha apenas 1 ano de idade, é considerada leve, já que não há dificuldades na parte cognitiva, nem tampouco na fala e na audição. “É só física, graças a Deus. E eu preciso de uma pessoa para me ajudar a me locomover de um lugar para o outro”.
Roselene enaltece as qualidades de Flávia e se diz contente por vê-la realizando todos os sonhos. Religiosa, ela se põe em orações para que os filhos se sintam felizes e estejam sempre seguros.
“Apesar de todas as dificuldades que já enfrentamos, nunca desistimos. Sempre falo para ela nunca desistir, correr atrás dos sonhos dela. Ela é capaz de qualquer coisa, tem capacidade para tudo, nada a impede, se ela quiser. É uma menina inteligente, e eu fico muito feliz de ver cada passo que ela dá, de vê-la realizando os sonhos dela”.
“O amor de mãe é o sentimento mais lindo, mais profundo e mais sincero que existe, porque mãe fica feliz quando o filho está feliz, mãe fica triste quando o filho está triste, mãe sofre quando o filho sofre.
“Eu tenho dois filhos que eu amo de paixão. Se eu pudesse, eu daria o mundo para eles, mas a gente nunca pode dar tudo, nem sempre pode estar junto, nem sempre pode proteger. O que a gente pode fazer é sempre rezar. Eu entrego meus filhos nas mãos de Nossa Senhora Aparecida, na mão de Deus, sempre rezo para eles estarem felizes e seguros”
“Temos sempre que sair da zona de conforto”
Flávia Dutra ressalta que o principal ensinamento que a sua mãe lhe passa é sempre ter em mente que é preciso sair da zona de conforto. “A gente tem que buscar o melhor. Deus nos dá as condições e a gente tem que remar e ir à luta com o que Deus dá para a gente”.
“A gente segura uma na mão da outra e fala: aqui está o nosso futuro, aqui está a nossa chance de mudar de vida, mudar a nossa realidade. A gente vai até o fim, a gente vai passar por tudo que tiver que passar juntas. Ela é a minha base. Ela é tudo”, conclui a universitária.