Jornal Estado de Minas

PATRIMÔNIO IMATERIAL

Filha de Lampião processa rede de motéis por campanha com o nome da mãe



Expedita Ferreira Nunes, única filha de Maria Bonita e Lampião, entrou com uma ação contra uma rede de motéis de Pernambuco pelo uso indevido do nome da mãe em uma campanha publicitária que tinha como slogan "Maria Bonita, acenda o Lampião", veiculada em 2011. O caso ganhou visibilidade essa semana ao entrar na pauta da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ).



A campanha foi veiculada em várias cidades do Nordeste e Expedita pediu, na época, a retirada da propaganda dos outdoors e indenização. A filha do Rei do Cangaço defende que houve "uso indevido de imagens para fins comerciais, implicando a posse indevida do patrimônio imaterial dos personagens". A rede de motéis alega que os personagens são parte da cultura nordestina. 

Em uma das fases, a 4ª Vara Cível de Aracaju reconheceu o uso indevido e condenou o estabelecimento ao pagamento de R$ 15 mil. A rede de motéis recorreu ao TJ de Sergipe, porém a sentença foi mantida com a redução do valor para R$ 8 mil. Como a empresa entrou com novo recurso, o processo, que corre há 11 anos, foi para o Superior Tribunal de Justiça.

Lampião e Maria Bonita

Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, nasceu em Serra Talhada, no estado de Pernambuco, em 7 de julho de 1897. Em 1921, Virgulino entrou para o bando de Sinhô Pereira, um dos cangaceiros de maior expressão no Nordeste, onde ganhou fama e o apelido de Lampião. Em 1922, assumiu a liderança do grupo.



Nas andanças pelo Nordeste, Lampião conheceu Maria bonita e se apaixonou. Ela entrou para o bando de Lampião em 1930. Maria foi a primeira mulher a fazer parte do cangaço. Fruto desse relacionamento, Expedita nasceu em 1932.

Lampião e Maria Bonita morreram em Sergipe em um ataque surpresa das tropas volantes na madrugada de 28 de julho de 1938. Lampião foi decapitado, e sua cabeça exposta em diversas cidades nordestinas para divulgar a morte do chamado Rei do Cangaço.

*Estagiária sob supervisão. 


Ouça e acompanhe as edições do podcast DiversEM



Ep.1: Movimento negro espera mais punições ao racismo em 2022
Ep.2: Como a literatura infantil feminista quer mudar a próxima geração
Ep.3: Visibilidade trans nas redes sociais: vozes ampliadas contra o preconceito
Ep.4: De que forma a gordofobia limita a existência de pessoas gordas?
Especial: "Bonequinhas": A vida das mulheres trans e travestis nas ruas de BH
Especial: "Bonequinhas": 'Quando se afirma travesti, você e uma travesti inteira'
Ep. 7: Autismo e TikTok: o ativismo e o cotidiano de Arthur nas redes sociais
Ep. 8: Literatura indígena e os cordéis da escritora e poeta Auritha Tabajara
Ep. 9: De que forma a violência patrimonial afeta a vida das mulheres