Jornal Estado de Minas

RACISMO

Menino de 11 anos perde o dedo ao fugir de xingamentos racistas



Um menino de 11 anos, Raheem Bailey, teve o dedo amputado ao tentar escapar de um grupo de crianças que tentavam espancá-lo, na última terça-feira (17/05). Em seu desespero para sair da situação, ele tentou fugir do terreno da escola, mas o dedo ficou preso em uma cerca e provocou uma lesão profunda. Segundo Shantal Bailey o filho sofria abuso racial e físico desde que começou a frequentar a Abertillery Learning Community, em setembro de 2021.



Ao jornal The Independent, Shantal contou que ao chegar na escola para socorrer o filho, funcionários a informaram que uma ambulância só chegaria em duas horas, então eles foram levados para o pronto-socorro no ônibus escolar. Depois tiveram que esperar mais cinco horas por uma ambulância para transferir Raheem para o local onde ele seria operado, em Swansea, a 80 quilômetros da escola. Depois de seis horas de cirurgia tentando reverter o quadro, o dedo teve que ser amputado. 

“O tempo todo me dizendo 'me desculpe, me desculpe mamãe. Eu simplesmente não podia, eu não podia ficar lá, por que ninguém gosta de mim?’ Estas são coisas que meu filho, enquanto está com dor, está constantemente tendo que me perguntar: 'Mamãe, por que ninguém gosta de mim? por quê? Por que eles escolheram a mim?'”, revelou Shantal à BBC. 

Ao falar sobre a questão mais ampla do bullying e do racismo nas escolas, Shantal questionou por que deveria enviar seu filho para a escola para ser um saco de pancadas. “É difícil, como mãe, ter que dizer ao seu filho que as pessoas podem não gostar de você por causa de sua pele - não porque você é mau, não porque você é horrível, mas apenas por causa da pele com a qual nasceu", lamenta.



Shantal contou que a cirurgia do filho demorou mais de seis horas, mas não foi possível salvar o dedo anelar (foto: ROB BROWNE/WALES ONLINE)


Todos as unidades da Abertillery Learning Community, escola onde ocorreu o incidente, estão fechadas nesta segunda-feira (23/05) por motivos de saúde e segurança. A escola afirma que atualmente estão trabalhando em estreita colaboração com a autoridade local para estabelecer todos os detalhes do incidente.

“Condenamos o bullying e o assédio racial de qualquer forma e esperamos que as alegações e incidentes de bullying e racismo sejam totalmente investigados pelas escolas, com as medidas apropriadas tomadas para resolver o assunto e impedir que outros casos aconteçam”, disse um porta-voz do governo galês.


A família recebeu apoio e mensagens, inclusive de personalidades do esporte, como o jogador de basquete Gerald Green, que teve uma carreira de sucesso com nove dedos e pediu para falar diretamente com Raheem. Além disso foi criada uma página do GoFundMe chegando a mais de £ 85 mil para financiar a compra de uma prótese. “Tem tantas pessoas em lugares diferentes que foram tão generosas, e eu não esperava o que aconteceu, então estou verdadeiramente grata por isso.”



*Estagiária sob supervisão.
 

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