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Estado de Minas MULHERES NO AFEGANISTÃO

Talibã força apresentadoras de TV a cobrirem o rosto para ir ao ar

Afegãs temem que o próximo passo seja retirá-las do ar permanentemente: 'eles querem apagar as mulheres da vida social e política'


23/05/2022 11:55 - atualizado 25/05/2022 10:41

Uma apresentadora do Tolo News, Sonia Niazi, cobre o rosto em uma transmissão ao vivo na estação de TV Tolo em Cabul em 22 de maio de 2022.
Apresentadoras afegãs aparecem na TV com os rostos cobertos e temem que a próxima decisão seja tirá-las do ar (foto: WAKIL KOHSAR)
As restrições para as mulheres aumentaram neste mês de maio no Afeganistão. No domingo (22/05) apresentadoras afegãs apareceram nos diversos canais de TV com o rosto coberto com véu ou máscara cirúrgica, por ordem do Talibã. A decisão vem duas semanas depois de o governo decretar que todas as mulheres seriam obrigadas a usar um véu facial em público, sob o risco de serem punidas. Este ano já foi retirado o direito de viajar sem um tutor masculino e as escolas secundárias estão fechadas para as meninas. O decreto foi aprovado pelo Ministério de Prevenção do Vício e Promoção da Virtude. Apesar de ser divulgado pelo governo como um conselho, foi estabelecido um conjunto de medidas para quem descumprir a decisão. Na primeira instancia as autoridades irão até a casa da mulher para falar com um homem responsável, como marido, pai ou irmão; na segunda instância, o responsável será convocado ao ministério, e na terceira instância, o responsável é levado à justiça podendo ser preso por três dias. "Eles estão nos pressionando indiretamente para nos impedir de apresentar na TV", disse uma apresentadora da TV local de Cabul que não quis se identificar. "Como posso ler as notícias com a boca coberta? Não sei o que fazer agora - preciso trabalhar, sou o ganha-pão da minha família", completa. Um executivo sênior de TV disse que muitas apresentadoras temem que a próxima etapa seja tirá-las completamente do ar. Sonia Niazi, apresentadora da TOLOnews, disse à agência de notícias AFP. "Resistimos e fomos contra o uso de máscara". Porém, o canal foi pressionado e foi estabelecido que as apresentadoras que desobedecerem ao decreto devem ser transferidas para outros cargos ou demitidas. "Tudo bem sermos muçulmanos, usarmos hijab, escondermos o cabelo, mas é muito difícil para uma apresentadora cobrir o rosto por duas ou três horas consecutivas e falar assim. Eles querem apagar as mulheres da vida social e política", disse Farida Sial, também apresentadora do TOLOnews, à BBC.

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