Com o objetivo de garantir um atendimento à comunidade LGBTQIA+, especialmente em casos de violência, foi iniciada uma capacitação pioneira de trabalhadores dos serviços de saúde no Norte de Minas, que visa também romper o preconceito e incentivar a conscientização de que saúde é um direito de todos.
O primeiro treinamento dos trabalhadores da saúde sobre o atendimento a pessoas LGBTQIA+ aconteceu neste mês, no município de Manga (18,2 mil), situada as margens do Rio São Francisco. A iniciativa foi da Aliança Nacional LGBTI do Norte de Minas, em parceria com a Prefeitura de Manga.
Participaram da capacitação profissionais de unidades de saúde do Centro de Referência e Assistência Social (Cras), do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e diretores de escolas, além de representantes do público atendido no município. A ação será levada a outras cidades da região, anuncia a coordenadora da aliança do Norte de Minas, Letícia Imperatriz.
"O trabalho realizado em Manga foi pioneiro e histórico no Norte de Minas. Essa ação é de fundamental importância, uma vez que a comunidade LGBTI é alvo constante de violência. Assim, é freqüente na busca pela saúde e pela proteção básica, muitas vezes negada e negligenciada", afirma a coordenadora.
Letícia Imperatriz destaca a relevância da iniciativa para a conscientização sobre a assistência oferecida aos indivíduos LGBTQIA+ nos serviços públicos de saúde, especialmente, os que são vítimas de violência e de preconceito.
"As pessoas LGBTI estão, constantemente, sendo violentadas física e psicologicamente. Quando procuram um serviço de atendimento público é porque estão necessitando desse ou daquele serviço. Caso contrário não o procuraria, serviços esses como a saúde, a segurança pública e a educação", comenta.
"A importância dessa ação de conscientização é para que as pessoas entendam que o direito é para todos que necessitam, principalmente para aqueles que já são marginalizados e também para que eles não sejam violentados enquanto buscam por atendimento para sanar as violências que sofrem ou sofreram", completa.
Como é feita a capacitação
Conforme explica Letícia Imperatriz, a capacitação para atendimento à comunidade LGBTQIA+ aborda inicialmente como deve ser feito o tratamento a esse público. São apresentadas as diferenças de gênero e sexualidade, entre conceitos com CIS (Cisgênero, o termo usado para designar os indivíduos que se identificam com o gênero - masculino ou feminino - que lhes foi atribuído ao nascer) e trans (termo que se refere aos indivíduos que não se identificam com o gênero que lhes foi atribuído ao nascimento). Também são explicados os significados em cada letra da sigla LGBTQIA+ .
"Além disso, na capacitação apresentamos os dados das violências, os problemas do atendimento ao público e como um mau atendimento afeta o indivíduo que o busca. Discutimos ainda sobre como as construções sociais influenciam em nossas ações e como nos reeducarmos", informa Letícia.
"Por fim, abrimos o diálogo para sanar as dúvidas e apresentar as possibilidades de um pensamento para a equidade, para a igualdade e para o respeito", conclui a coordenadora da Aliança Nacional LGBTI .