Laverne Cox, atrix reconhecida por seus papéis em “Orange is the new black” e “Inventando Anna”, é a primeira mulher trans a ser representada em uma boneca Barbie. O lançamento, anunciado na quarta-feira (25/05) pela Mattel, é uma homenagem ao aniversário da atriz, que completa 50 anos neste domingo (29/05).
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O processo de criação da boneca, que usa um espartilho vermelho e saia de tule sobre um body prateado com botas de salto alto, foi totalmente acompanhado por Cox, que deu sugestões sobre os traços afro-americanos e sobre o cabelo. A roupa, que pode se transformar em várias combinações, também foi ideia da atriz.
“Uma boneca que representa uma pessoa trans, da amplitude de Laverne Cox, isso empodera, dá visibilidade e nos sujeita a entender que a diversidade também deve ser colocada nas brincadeiras, nas ações cotidianas, nos jogos...”, afirma Layza Lima, Coordenadora da área de mulheres trans da Aliança Nacional LGBTQIA.
Não é a primeira vez que Laverne Cox faz história. Em 2015, tornou-se a primeira pessoa trans a ganhar estátua no museu Madame Tussauds, e a primeira trans a aparecer na capa da revista Time.
Revolução da Barbie
A Mattel tem se empenhado em acompanhar as mudanças culturais e sociais criando Barbies que representem a diversidade do mundo, mas nem sempre foi assim. A boneca Barbie, que fez parte da infância de milhares de crianças ao redor do mundo, difundia a imagem da mulher “perfeita”: magra, loira e de olhos azuis, sendo considerada o maior exemplo de brinquedo “de menina”.
Laverne Cox contou à revista People que na infância era proibida de brincar com bonecas por ter nascido como um menino. “Quando eu estava nos meus 30 anos, eu estava em terapia e disse ao meu terapeuta que me foi negada a oportunidade de brincar com bonecas Barbie. E meu terapeuta disse: 'nunca é tarde demais para ter uma infância feliz, e o que você deve fazer pois sua criança interior é sair e comprar uma boneca Barbie'”, desabafou Cox. “Então, estar completando 50 anos e ser transgênero e ter uma Barbie na minha vida, isso parece um momento de cura de círculo completo”, completa.
Uma experiência parecida foi vivida por Layza, que na infância sofreu com a imposição de brinquedos específicos e cores. Era incentivada a brincar de carrinho, que é colocado socialmente como “coisa de menino”, e não podia brincar de boneca ou de casinha, que são geralmente associados a meninas. Situação que se repete com muitas crianças no Brasil e no mundo até hoje.
“Essa imposição, notoriamente falando, até hoje fomenta o machismo nas simples brincadeiras de criança. A gente promove a desigualdade de gênero desde crianças. Quando a gente fala de moldar uma sociedade mais tolerante, menos machista, a gente precisa entender que as nossas crianças precisam trabalhar no contexto da diversidade”, explica Layza.
Dessa forma, a boneca Barbie de Laverne Cox assim como a linha da Barbie que representa mulheres que são destaque no mundo e líderes mundiais, ou com características inclusivas como a versão da boneca com aparelho auditivo e do boneco Ken com vitiligo não é apenas um brinquedo, mas visibiliza corpos que são notoriamente apagados dentro de uma sociedade ainda preconceituosa, como uma forma de construir um futuro melhor e mais igualitário, que respeite as diferenças.
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz.
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