Jornal Estado de Minas

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Literatura LGBTQIA+ ganha espaço entre jovens e editoras


Com a crescente da luta LGBTQIA+, escritores que fazem parte da comunidade passaram a usar de experiências pessoais para produzir livros com mais representatividade. Neste 12º episódio do podcast DiversEM, conversamos sobre a literatura LGBTQIA com a escritora carioca Clara Alves, autora do romance "Conectadas", que está na lista de livros mais vendidos para adolescentes na Amazon.



Nos últimos dois anos, a literatura LGBTQIA se expandiu e mostrou uma aproximação com a realidade da sociedade, fugindo dos padrões hetero-normativos, fixados somente em relações heterosexuais como ponto central de desenvolvimento da trama.


"Os sete maridos de Evelyn Hugo", "Heartstopper", "Com amor, Simon" e "Vermelho, branco e sangue azul" são apenas alguns exemplos de livros LGBTQIA que ganharam o Brasil recentemente. No caso de "Conectadas", escrito por Clara Alves, a trama conta a história de Raíssa e Ayla, que se conhecem em uma partida de um jogo on-line e não se desgrudaram mais.

A escritora Clara Alves, autora de "Conectadas", começou a escrever para entender sua sexualidade (foto: Companhia das Letras/Divulgação)

Clara conta que começou a escrever romances para entender a sua sexualidade e acredita que o sucesso do livro pode ter vindo dessa vulnerabilidade e verdade que procurou passar, fazendo mais pessoas se identificarem com a história de Raíssa e Ayla.







"Eu já dizia que era uma pessoa bi, mas eu não tinha me assumido para o mundo. Eu precisava desse momento de autoterapia e acabou que 'Conectadas' foi esse momento para mim", explica a autora.

"Conectadas" está entre os livros mais vendidos da Amazon (foto: Reprodução da internet)

Mas o público de tais livros não são só membros da comunidade LGBT. As histórias protagonizadas por LGBTs promovem representatividade, mas, além disso, contam narrativas que podem ser apreciadas por todos e é importante que elas saiam da bolha da comunidade.

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"No fim da conta, 'Conectadas' e outros livros LGBT não são histórias LGBT. Ser LGBT não é um gênero. São histórias com protagonismo LGBT, mas passam por todas as questões que pessoas héteros também passam", afirma Clara.





Aumento da procura pela literatura LGBTQIA

Durante a pandemia, o interesse do brasileiro pela leitura cresceu, resultando em um aumento de quase 30% nas vendas de livros, segundo a agência Nielsen BookScan.

Os livros com protagonistas LGBT vem ganhando espaço entre os jovens (foto: Reprodução/Plugar Ideias)

"Deu para perceber que as editoras prestaram atenção no público e lançaram livros para o público LGBTQIA . Principalmente livros que saem desse clichê do drama, final trágico e entra no romance infantojuvenil, que sempre esteve forte mas com casais héteros", diz Clara. "Quando 'Conectadas' foi lançada, eu nunca as encontrava em livrarias", comenta.

Outros sucessos da literatura LGBTQIA

Além do nacional "Conectadas", essa sessão de livros conta com vários outros sucessos de vendas, como "Heartstopper" e "Os sete maridos de Evelyn Hugo", que foi uma grande referência para Clara antes de se firmar como escritora LGBT.

O livro ficou em primeiro lugar durante 32 semanas no ranking dos livros de ficção mais vendidos no New York Times e, apesar do nome, a trama é um romance LGBTQIA com várias camadas, que envolvem traumas, traições, inseguranças e muito luxo em Old Hollywood.





"Os Sete Maridos de Evelyn Hugo" será adaptado pela Netflix (foto: Reprodução da internet)

"Acho que Evelyn Hugo, por mascarar um pouco que é um livro LGBT, acaba saindo dessa bolha e faz com que pessoas que nunca dariam uma chance, leiam e gostem", comenta Clara.

Em 2022, a Netflix anunciou que "Os sete maridos de Evelyn Hugo" será adaptado para um filme com produção da própria empresa de streamming. Por enquanto, sem previsão de estreia.

*Estagiária sob supervisão do editor Rafael Alves

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