De acordo com Avelin Kambiwá, de 42 anos, da etnia Kambiwá e uma das organizadoras do protesto, o ato consiste em um momento de luto e chamamento para a luta contra o genocídio dos povos indígenas.
“A sociedade brasileira precisa entender que não é uma questão só dos indígenas. As pessoas precisam entender que têm responsabilidade tanto na luta quanto no pertencimento. O Brasil inteiro tem sangue indígena”, afirmou.
Segundo ela, cem pessoas estariam presentes no ato. Muitas delas foram até a universidade para participar de uma palestra com líderes indígenas Ailton Krenak e Davi Kopenawa Yanomami, marcada para às 14h, no auditório da reitoria.
‘É brutalidade demais’
Formada em Ciências Sociais e Humanidades pela UFMG, Maria Florguerreira, de 56 anos, da etnia Txahá Xohã, Pataxó, frisou que este é um momento de muita dor.
“Nos manifestamos todos os dias contra as coisas horrorosas que sofremos, ações que vão desde estupro, desapropriação de nossos territórios, de nossos modos. Mas este momento é de muita dor porque estamos vendo o equipamento público sendo utilizado para assassinar nossos parentes à queima-roupa, de uma forma desumana. É uma luta desigual, a troco de terra, porque eles querem a terra devastada”, disse. Ela mora em Santa Luzia, na Região Metropolitana de BH, mas é oriunda da Bahia.
“O que eles fazem hoje é o que sempre fizeram: limpar a terra para o agronegócio e o capitalismo. Antes, nos matavam, porém, isso não saíam nas fotos. Agora estamos vendo as fotos e os vídeos, e é difícil se acostumar e aceitar esse tipo de violência. É brutalidade demais”, completou.
Médico, professor da UFMG e fundador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer também participou do ato. Ele se aproximou da causa indígena há muitos anos.
“Minha avó, do Vale do Jequitinhonha, falava que a avó dela foi pega no laço. Eu achava aquilo conversa, mas todos os traços dela, dos filhos e netos… Têm muitos que parecem índios. Tenho ascendência alemã por parte de mãe, sou miscigenado”, comentou.
Para Heringer, o Brasil deve um pedido de desculpas aos indígenas do mundo inteiro. E ressaltou ainda que o ato foi uma preparação para uma palestra com os líderes indígenas Ailton Krenak e Davi Kopenawa Yanomami.