Jornal Estado de Minas

MULHERES NOTÁVEIS

Promotora que atuou no caso João de Deus se dedica à defesa de mulheres


A promotora de justiça Gabriela Mansur atendeu às primeiras vítimas e ajudou a reunir provas no caso do médium João de Deus, condenado cinco vezes por abusos cometidos em atendimentos espirituais em Abadiânia, em Goiás.




 
O caso resultou na maior força-tarefa realizada para combater a violência contra a mulher pelo Ministério Público. No total, Gabriela recebeu mais de 250 denúncias contra João de Deus e ouviu mais de 50 mulheres. Gabriela é a quarta entrevistada da série Mulheres Notáveis, do DiversEM
 
Gabriela visitou a cidade mineira de Divinópolis para orientar mulheres trabalhadoras sobre projetos sociais e formas de prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher e proferir a palestra “Lugar de Mulher é onde ela quiser – A luta pelo fim da violência contra a mulher”, realizada na Faculdade Pitágoras.

Gabriela conversou com costureiras e vendedoras levando informações de prevenção e enfrentamento à violência de gênero em fábricas. Palestrou para 440 convidados entre juízas, delegadas, promotoras, advogadas e estudantes sobre sua atuação de mais de 20 anos na luta contra a violência contra a mulher e os casos nos quais trabalhou. 
 
Devido ao enfrentamento da violência contra a mulher, em 2019, Gabriela foi eleita pela Forbes como uma das 20 mulheres mais poderosas do Brasil. “É preciso saber quais são as condições das mulheres em carreiras públicas e o que se pode fazer para incentivar e criar mais oportunidades para que elas ocupem cargos de segurança”, afirmou à Forbes em entrevista. 




 
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Mulher, promotora e justiceira

Natural de São Paulo, Gabriela Manssur é filha de advogados e se formou em direito pela Pontificia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) com especialização em direitos das mulheres e enfrentamento à violência doméstica pela Universitá di Roma, na Itália. Atua como promotora de justiça desde 2003, e é referência em violência contra mulher com mais de 20 anos de experiência na defesa dos direitos das mulheres.

 

Gabriela também atuou no caso Saul Klein, filho do fundador das Casas Bahia, acusado de estupro, tráfico de pessoas e favorecimento à prostituição, no caso Champinha, acusado de matar e estuprar Liana Friedenbach de 16 anos, e no caso Marcius Melhem, abrindo inquérito e solicitando medidas cautelares para as oito que realizaram denúncia de assédio sexual contra o humorista.





 

Ativista, é idealizadora de vários projetos de lei e projetos sociais de prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher como: Tem Saída, Movimento Pela Mulher, Messana e Ouvidoria das Mulheres.
 

Manssur também é presidente do Instituto Justiça de Saia, criado em 2013 para apoiar os direitos femininos e o combate à violência em várias frentes, como recuperação da autoestima das vítimas, capacitação profissional, inserção no mercado de trabalho para as mulheres vítimas de violência, além de ressocialização de atores das agressões.

 

Além disso, em 2020, idealizou o projeto Justiceiras que apoia e orienta mulheres vítimas de violência e oferece atendimento multidisciplinar online em várias áreas como jurídico, médico, psicológico ou socioassistencial. 





 

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Violência contra a mulher no Brasil

Segundo a ONU, 70% das mulheres em todo o mundo já sofreram ou sofrerão algum tipo de violência em, pelo menos, um momento de suas vidas, independentemente de nacionalidade, cultura, religião ou condição social.

O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking de países mais violentos para as mulheres. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança, em 2021 uma mulher foi vítima de feminicídio a cada 7 horas e a cada dez minutos, uma mulher sofreu estupro.




 
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Apesar de ter uma das menores taxas de feminicídio no país, Minas Gerais teve 1809 mulheres assassinadas entre 2015 e 2019, e esse número vem crescendo a cada ano. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no estado foram 146 vítimas em 2019, 151 em 2020 e 152 em 2021. Já os números de estupros não ainda mais altos. Foram 3.904 vítimas em 2020 e 3.889 no ano passado, considerando os casos registrados em delegacias e boletins de ocorrência.

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