O projeto de extensão Fotografia Além de Imagens (FAI) visa analisar, por meio de ensaios fotográficos, como espaços e corpos se relacionam. Alunos da Escola de Design da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), Marcel Warley, Francielle Nery e Gabriela Almeida, juntamente com o professor Charles Bicalho, buscam moradores do Aglomerado da Serra para gerar um ambiente mais diversificado e inclusivo dentro e fora da moda.
Para participar basta ser maior de 18 anos e morador da área, seja como modelo voluntário ou profissional voluntário.
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“Resolvemos levar o projeto de extensão para o Aglomerado da Serra e desenvolver a ideia com a comunidade e para a comunidade. Então, quem trabalha com cabelo e maquiagem vai poder participar com os serviços, e o modelo também vai usufruir desses serviços. Para além da fotografia, será criado um catálogo com as informações do modelo e da pessoa que ajudou a produzi-lo”, explicou.
As ações serão potencializadas por meio da realização de mini ensaios fotográficos feitos com moradores do Aglomerado da Serra, preferencialmente em espaços abertos. A inspiração vem da Street Photography ou fotografia de rua, que, como a expressão sugere, usa o ambiente externo, principalmente urbano, para mostrar o dia a dia e a cultura de determinada comunidade, com sua arquitetura e outros elementos do cenário em que vivem seus moradores.
Warley disse ainda que a escolha do público alvo - pretas, pardas e indígenas, mulheres, pessoas LGBTQIA+, plus size, portadores de HIV, portadores de vitiligo, pessoas em situação de rua, portadores de deficiência física ou mobilidade reduzida, e moradores de vilas e aglomerados - veio do fato de essas pessoas não serem escolhidas pelo mundo da moda.
“Pensamos nelas para trazer essa desconstrução. A gente sai de uma coisa padronizada pela sociedade, como corpos magros e brancos e faz o reverso disso, com corpos pretos, indígenas, pessoas plus size”, disse.
Na opinião de Marcel, o projeto vai mudar não somente a vida dos modelos e empreendedores que participam do projeto como também a dele e dos colegas que estão participando do projeto.
“Vamos trabalhar a tecnologia social, levando recursos e projetos para esse grupo de pessoas. Pensamos que além de uma formação na moda, que é uma área elitizada e excludente, devemos realmente tentar trabalhar o que aprendemos em sala de aula para essas pessoas de forma mais igualitária”, contou.
A ideia é levar uma experiência para todos. “A fotografia muda a maneira de como as pessoas veem o mundo, então a partir da iniciativa, conseguimos mostrar para as pessoas, de forma não romantizada, trabalhando a auto estima e o poder da fala como ferramenta para essas pessoas que não recebem uma oportunidade”, finalizou.
*Estagiária sob supervisão ddo subeditor Thiago Prata