Jornal Estado de Minas

RACISMO NO ESPORTE

Jogador sul-coreano do Tottenham fala de racismo sofrido na Alemanha

Durante um evento em Seul nessa segunda-feira (4/7), o atacante sul-coreano do Tottenham Son Heung-min, de 30 anos, se abriu ao público sobre ter sido vítima de diversos episódios racistas durante sua adolescência depois de ter se mudado para a Europa, em 2008. 





Ele contou que a vitória da Coreia do Sul em cima da Alemanha no jogo da fase de grupos da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, foi como ter sua “vingança”. Outros episódios mais recentes envolvendo o jogador também vieram à tona.

O atacante saiu do FC Seoul e foi para as categorias de base do Hamburger Sport-Verein (HSV) em 2008 por meio do programa de intercâmbio da Associação de Futebol da Coreia, que leva jovens de grande potencial de seu país para a Europa e a América do Sul.

Segundo Son, durante seu período na Alemanha, ele passou por "muitos momentos realmente difíceis e inimagináveis”.

“Eu enfrentei muito racismo . E, enquanto passava por um momento tão difícil, tive muitos pensamentos de que eu deveria ter minha vingança algum dia”, comentou ele durante o evento em Seul.





Vingança


Son Heung-min revelou que, de fato, teve sua vingança. Foi durante a Copa do Mundo de 2018, sediada na Rússia, quando a Coreia do Sul venceu a Alemanha por 2 a 0 ainda na fase de grupos. O atacante foi o responsável pelo segundo gol, garantindo que a Seleção Alemã terminasse em último lugar da chave e não avançasse à fase mata-mata do torneio pela primeira vez desde 1978.

“Quando as pessoas choram, eu quero confortá-las e dar-lhes um abraço, mas vendo o povo alemão chorar, que consegui me vingar fazendo algo que gosto”, disse o atleta.

Trajetória


A carreira de Son como jogador começou oficialmente nas categorias de base do HSV, e, em 2010, ele estreou como profissional do clube. Em 2013, foi contratado pelo Bayer Leverkusen e, com o destaque por suas atuações, foi vendido ao Tottenham em 2015 por 65 milhões de euros, superando a marca do futebolista japonês Hidetoshi Nakata de jogador asiático mais caro do futebol. O vínculo com o clube vai até junho de 2023.

Em 2020, por conta da pandemia da COVID-19 e da consequente paralisação da Premier League 2019/20, Son Heung-min foi autorizado por seu clube a retornar à Coreia do Sul para cumprir o serviço militar obrigatório. O jogador serviu nos meses de abril e maio e foi liberado.





Durante sua trajetória, recebeu diversos prêmios, como o de melhor jogador da partida Rússia x Coreia do Sul na Copa do Mundo de 2014; melhor jogador do mês da Premier League em três ocasiões; gol do mês da Premier League em duas ocasiões; gol da temporada da Premier League; melhor jogador de um clube de Londres; melhor jogador da Seleção Sul-Coreana em cinco ocasiões; melhor jogador asiático em seis ocasiões; o Prêmio FIFA Puskás e, mais recentemente, a Chuteira de Ouro da Premier League, tornando-se o primeiro jogador asiático a recebê-la.

Atualmente, Son é considerado o principal artilheiro asiático da primeira divisão do futebol inglês.

Episódios recentes de racismo


Além dos casos de racismo que sofreu na Alemanha no início da carreira, Son Heung-min foi alvo de ataques na Inglaterra desde que saiu do Bayer Leverkusen com destino ao Tottenham em 2015.

Durante a Copa Inglesa (FA Cup) de 2016/17, o Tottenham venceu o Millwall com três gols de Son Heung-min. A torcida adversária, frustrada com a derrota, emitiu gritos racistas direcionados ao jogador. A Football Association, entidade máxima do futebol inglês, afirmou que investigaria o caso, mas não houve divulgação das resoluções.





Ainda em 2017, durante um amistoso internacional entre Colômbia e Coreia do Sul, o meio-campista colombiano Edwin Cardona fez um gesto racista para provocar os jogadores da seleção sul-coreana. Após a vitória dos asiáticos por 2 a 1, com dois gols de Son Heung-min, Cordona apareceu puxando os olhos e fazendo uma careta em direção aos sul-coreanos.

Já em 2021, 12 homens, com idades entre 20 e 63 anos, suspeitos de fazer comentários racistas no Twitter contra Son após a derrota do Tottenham para o Manchester United por 3 a 1, foram detidos, receberam “resoluções da comunidade” e tiveram que escrever cartas de desculpas ao jogador.

Um porta-voz da Polícia Metropolitana falou ao canal Sky Sports News que o grupo foi investigado sob cautela com as suspeitas de usar palavras, exibir material escrito ou se comportarem com a intenção de incitar o ódio racial.

“Como parte de uma investigação da polícia sobre racismo online dirigido a um jogador de futebol de alto nível de Londres, o grupo de 12 homens recebeu resoluções da comunidade”, afirmou.

* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata