Jornal Estado de Minas

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Instituição judaica assina acordo com MP para combater discursos de ódio


 
O aumento de manifestações antissemitas em locais públicos colocou em alerta a comunidade judaica no Brasil e em Minas. Para frear à discriminação e o preconceito aos judeus, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) assinou um termo de cooperação com o Ministério Público de Minas Gerais, na terça-feira (16/08).




 
"Temos percebido, ao longo dos últimos anos, um extremismo muito grande e a esteriotipação da comunidade judaica. Temos visto, no Brasil inteiro e em Minas, manifestações individuais antissemitas. É importante que a gente alinhasse um acordo com o Ministério Público para inibir esse tipo de prática", afirma o presidente da Federação Israelita de Minas Gerais (Fisemg), Beny Cohen.
 
O acordo prevê o combate à discriminação e à intolerância decorrentes de raça, etnia, cor, religião ou nacionalidade. Cohen aponta os riscos de impunidade em relação à esteriotipação da comunidade judaica. Na avaliação de Cohen, são manifestações de indivíduos isolados, na maioria dos casos. "É inadimissível, nos dias de hoje, termos qualquer tipo de preconceito ou discriminação, seja de raça, cor, religião e gênero." 

O termo de cooperação prevê o estreitamento de relações entre a Conib e o MP, de modo a dar celeridade às denúncias de manifestações antissemita. Cohen acredita que o canal direto poderá combater com mais agilidade e eficiência grupos ou indivíduos que disseminem diiscurso de ódio.

Casos como de um homem que entrou em um bar em Unaí, no Noroeste de Minas, vestido em um dos braços com a suástica nazista devem ser combatidos com rapidez. Cohen alerta que não se pode defender a liberdade de expressão para grupos "que pregam o extermínio do outro." Não há números, mas Cohen se recorda de manifestações neonazistas ocoridas em shopping, escolas, praças públicas. 




 
Ele atribuiu o aumento de casos antissemitas à acomodação da sociedade. "Muitas vezes, existe acomodação da sociedade de aceitar, a comunidade aceita e permite. Não é comigo, não tem problema", avalia. Ele lembra que a comunidade judaica é estigmatizada, e defende uma visão mais plural em relação aos judeus como caminho para combater a discriminação. "Somos uma comunidade pluralista, como outras comunidades da sociedade. Temos judeus pobres, classe média e ricos. Somos sociedade com seres humanos como qualquer outra", afirma. 
 
Cohen defende que a pluralidade é uma das características principais da comunidade judaica, que é formada, portanto, por indíviduos de todas as classes sociais, gêneros, orientações, que se posicionam em todo o espectro político. Em uma comunidade que é diversa, ele destaca que um dos valores é a defesa da democracia, da possibilidade de convivência de pensamentos diferentes, e até antagônicos, sem que as pessoas sejam atacadas e ameaçadas.
 
A comunidade judaica enviou carta de solidariedade à vereadora Duda Salabert (PDT) quando ela recebeu ameças de mortes de grupos neonazistas.