Jornal Estado de Minas

MODA E EMPODERAMENTO

Ex-BBBs Camilla de Lucas e P.A. esbanjam beleza na primeira fila da NYFW


A influenciadora digital, modelo e youtuber carioca Camilla de Lucas e o atleta Paulo André foram convidados pela grife estadunidense Tommy Hilfiger para assistir ao desfile da Semana de Moda de Nova York (NYFW) na primeira fila. Ambos participaram de edições do Big Brother Brasil recentemente.





A ex-BBB, que entrou no reality show em 2021 pela categoria Camarote – participantes que não se inscreveram no programa, mas receberam convites –, chegou a participar da Semana de Moda de São Paulo (SPFW) em outubro do ano passado representando a grife Apartamento 03, na primeira edição depois da pandemia da COVID-19.
 
Na época, afirmou nunca ter ido a um desfile, mas que, desde a adolescência, tinha o sonho de se tornar modelo. “Eu nunca nem assisti a um desfile, meu amor. O máximo que eu andei foi na calçada de Nova Iguaçu City”, brincou.

Além da SPFW, Camilla de Lucas também estampou a capa da revista digital ELLE View, referência de publicação de moda, pouco tempo antes de estrear nas passarelas, em maio de 2021. Em entrevista ao Gshow, ela contou que ficou surpresa, mas feliz, por ter recebido o convite para o projeto, e que está contente em ter se tornado uma referência que, para ela, esteve ausente durante seu crescimento.






“Estou muito feliz em ter chegado onde cheguei. Quando era mais nova, não via tantas referências de mulheres negras em revistas, sobretudo as de moda e beleza. Então, hoje, poder me ver nessa capa e ser uma referência para tantas meninas e mulheres é muito significativo para mim”, afirmou.

Desmotivação e ascensão

A influenciadora afirma realizar um sonho que lhe foi renegado durante sua adolescência. Mulher negra e de cabelos crespos, ela conta que já foi desencorajada a entrar no mercado da moda por comentários racistas.
“Quando era mais nova, sonhava em ser modelo, mas fui desacreditada em testes por conta de comentários negativos, como o de que beleza negra não vendia, então acabei deixando essa vontade de lado”, relata ela.

Em 2017, no entanto, Camilla começou a produzir vídeos para o YouTube sobre beleza, alcançando os 100 mil seguidores já em seu primeiro ano na plataforma. Em 2020, atingiu seu primeiro milhão de seguidores no Instagram e no TikTok com vídeos de teor mais humorístico, publicados principalmente durante a pandemia da COVID-19, quando as pessoas buscavam conteúdos mais leves para se distrair.





Em pouco tempo, cresceu muito e começou a chamar a atenção de famosos, como Regina Casé, Taís Araujo e Tatá Werneck, que chegaram a compartilhar seu conteúdo e elogiar seu trabalho como “blogueirinha da vida real”. Não demorou para que Camilla se tornasse referência nos ramos da beleza e do humor, sendo convidada a participar do Big Brother Brasil logo no início de 2021, programa no qual teria se inscrito previamente – e não conseguido uma vaga – duas vezes.

Na Rede Globo, continuou crescendo e, ainda no ano passado, foi convidada para ser co-apresentadora do programa “The Masked Singer Brasil”, um reality show em que personalidades famosas cantam enquanto estão fantasiados e o júri e o público dão palpites sobre quem pode estar por baixo da fantasia.

Atualmente, a modelo usa suas redes sociais de maneira descontraída, mostrando os bastidores das produções em que trabalha de maneira leve e amigável, mas sem deixar de lado questões importantes que a cercam. "Eu só me posiciono sobre o que eu acredito que é válido me posicionar. Não quero ficar falando por aí sobre tudo, mas vou comentar sobre aquilo que acho necessário e sobre aquilo que eu acredito que a minha voz e a minha visibilidade vão contribuir de forma positiva", afirma Camilla.




Casos de racismo

Por ser uma mulher negra, Camilla de Lucas já foi alvo de racismo diversas vezes, e faz questão de se posicionar contra este crime. Em caso recente envolvendo os filhos de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, a influenciadora reforçou em suas redes sociais que mulheres brancas e homens brancos devem ser aliadas da causa antirracista, já que pessoas pretas ainda são vistas como vitimistas quando reclamam.

“É necessário você, enquanto homem e mulher branca, ter a mesma atitude da Giovanna e do Bruno. E também dar o mesmo apoio para pessoas negras que têm essa atitude, porque numa situação como essa, nós seríamos expulsos do local porque até nisso não temos direito Quando uma pessoa negra também reclamar de racismo, ou apontar, vocês parem de dizer que é mimimi. Porque é aquilo, negro denunciando racismo é vitimismo, né?”, disse no Twitter.


Em outra ocasião, quando estampou a capa da revista ELLE View, a influenciadora deixou seus cachos naturais, mas explicou que não deve ter a obrigação de usá-lo apenas dessa forma. “A minha escolha é deixar o cabelo natural. Mas também quero escolher em determinado dia usar o cabelo liso, porque eu gosto, isso não tem nada a ver com a minha identidade como mulher negra”, afirmou. Em junho do mesmo ano, no entanto, enquanto passava por transição capilar, Camilla desabafou em suas redes sociais sobre comentários racistas que recebeu depois de colocar uma lace loira.





“Mulheres brancas que fazem transição nunca são questionadas para mostrar o cacho. mulheres negras, sempre surge um fiscal para perguntar quando vai mostrar o black . Eu uso lace antes, vou usar durante e até quando eu quiser. Isso não tá associado a vergonha capilar”, afirmou.

Dentre os comentários que recebeu, muitos questionavam seu ativismo. “Cadê o cabelo que representa o orgulho negro? Puro teatro o que fizeram no BBB”, questionou um internauta, referindo-se aos episódios em que Camilla de Lucas discursou ao vivo sobre racismo e sua relação com cabelos crespos; e quando retirou suas tranças, emocionando a audiência do programa.

Paulo André,  um homem negro, também é alvo de comentários racistas, mas não costuma se manifestar sobre o tema em suas redes sociais. Essa semana, no entanto, ao ser criticado por não ter dado muita atenção a uma fã durante o Rock in Rio, disse que “preto vencendo incomoda! Quem não é da cor, fala que é maluquice”. Em resposta a isso, recebeu comentários afirmando que estaria usando a pauta racial de maneira desnecessária.





O atleta, então, resolveu expor algumas das mensagens que recebeu em seu Instagram sobre fotos que publicou na festa de aniversário com seu filho, incluindo comparações entre eles com macacos – chamando, ainda, a criança de sagui – e emojis de bananas e macacos.

 

 

O que é racismo?

O artigo 5º da Constituição Federal prevê que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.”

Desse modo, recusar ou impedir acesso a estabelecimentos, recusar atendimento, impedir ascensão profissional, praticar atos de violência, segregação ou qualquer outra atitude que inferiorize ou discrimine um cidadão motivada pelo preconceito de raça, de etnia ou de cor é enquadrado no crime de racismo pela Lei 7.716, de 1989.




Qual a diferença entre racismo e injúria racial?

Apesar de ambos os crimes serem motivados por preconceito de raça, de etnia ou de cor, eles diferem no modo como é direcionado à vítima. Enquanto o crime de racismo é direcionado à coletividade de um grupo ou raça, a injúria racial, descrita no artigo 140 do Código Penal Brasileiro, é direcionada a um indivíduo específico e classificada como ofensa à honra do mesmo.

Leia também: O que é whitewashing?

Penas previstas por racismo no Brasil

A Lei 7.716 prevê que o crime de racismo é inafiançável e imprescritível, ou seja, não prescreve e pode ser julgado independentemente do tempo transcorrido. As penas variam de um a cinco anos de prisão, podendo ou não ser acompanhado de multa. 

Penas previstas por injúria racial no Brasil

O Código Penal prevê que injúria racial é um crime onde cabe o pagamento de fiança e prescreve em oito anos. Prevista no artigo 140, parágrafo 3, informa que a pena pode variar de um a três anos de prisão e multa. 




Como denunciar racismo?

Caso seja vítima de racismo, procure o posto policial mais próximo e registre ocorrência.
Caso testemunhe um ato racista, presencialmente ou em publicações, sites e redes sociais, procure o Ministério Público e faça uma denúncia.


 

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