O racismo afeta e prejudica a vida e desenvolvimento de crianças negras, indígenas, quilombolas e de religiões de matriz africana. A maneira como a discriminação afeta a infância é tema do vídeo “Erês e Kunumins: brincar, educar e (r)existir!", produzido pelo Nzinga Coletivo de Mulheres Negras, que será lançado nesta quarta-feira (14/09), às 20h, no Canal do Youtube N’zinga Coletivo de Mulheres Negras.
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O debate antirracista na primeira infância
O cérebro das crianças se desenvolve estruturalmente na primeira infância, os anos mais ricos para o aprendizado. Nessa fase, as crianças aprendem a se comunicar e é quando começam a compreender as relações étnico-raciais e de gênero.
Desde muito pequenas, as crianças conseguem identificar a diferença de tratamento direcionado aos corpos negros, em especial aos cabelos crespos. Exemplos disso é quando aprendem o que é bonito e feio, quem é a pessoa perigosa, quem deve ser tratado com carinho. Logo, as crianças conseguem concluem que a sociedade faz a diferenciação pela cor da pele.
“A compreensão do racismo se dá na primeira infância. Porém, nem sempre, a criança consegue nomear que aquela experiencia é racismo. Nem todas as crianças conhecem essa palavra, mas a experiência de sofrer um tratamento discriminatório é nitidamente identificado pelas crianças”, explica Larissa Borges, doutora em psicologia clínica e social que participa do vídeo “Erês e Kunumins: brincar, educar e (r)existir!".
Larissa explica que há a naturalização do racismo na sociedade brasileira em suas várias expressões, assim como há também uma certa deslegitimação da fala da criança. Muitas vezes, a criança faz uma denúncia de uma violência que está vivendo e é recebida com frases como ‘ela está confundindo’ ou ‘essa criança está inventando’. Dessa forma, a invalidação do que a criança traz pode abrir espaço para que a violência seja naturalizada e se perpetue por muito tempo.
“É importante considerar o que as crianças falam e o que elas demonstram, as vezes, em brincadeiras, desenhos e outras expressões. Precisamos afirmar positivamente as nossas crianças, elogiar, reconhecer o que elas estão sentindo, como uma forma de nutrir identidades positivas e afirmativas. Assim formamos pessoas que são capazes de enfrentar o preconceito e também viver sem preconceito”, afirma Larissa.
O projeto “Primeira Infância no Centro”
O lançamento do vídeo faz parte das ações do projeto “Primeira Infância no centro: garantindo o pleno desenvolvimento infantil a partir do enfrentamento ao racismo”, realizado por um grupo articulador composto por 11 organizações da sociedade civil, que atuam em defesa dos direitos das populações negras, quilombolas, indígenas e de terreiros. Entre os grupos participantes estão o Geledés Instituto da Mulher Negra, Porticus Latin America e o Nzinga Coletivo, organização que, há 35 anos, atua no enfrentamento ao racismo em Belo Horizonte e representa o estado de Minas Gerais.
O projeto iniciou com o levantamento de políticas públicas focadas na primeira infância, implmentadas nos municípios, estados e pelo governo federal. "Infelizmente, o retorno que recebemos do governo federal demonstra quão escassas são as políticas voltadas à primeira infância”, destaca Luiza.
Diante da falta de informações e iniciativas o projeto “Primeira Infância no centro” decidiu produzir o vídeo-denúncia como forma de cobrança dos políticos. Além do lançamento do vídeo, a organização também desenvolveu uma carta-compromisso com a primeira infância, que será enviada aos candidatos das eleições de 2022.
Serviço
Lançamento do vídeo-denuncia “Erês e Kunumins: brincar, educar e (r)existir!"
Dia: 14 de setembro
Horário: 20h
Onde: Canal do Youtube N’zinga Coletivo de Mulheres Negras
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz
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