Jornal Estado de Minas

A MULHER REI

'A mulher rei': filme de Viola Davis conta história real


O filme “Pantera negra” conquistou o mundo mostrando a força e a beleza que o povo negro pode ter e provou que obras estreladas por atores negros podem ser sucesso de bilheteria. Agora “A mulher rei”, estrelado por Viola Davis e com elenco formado majoritariamente por mulheres negras, vem para mostrar a história real que inspirou o exército wakandano Dora Milaje. 



"Para mim, 'Pantera Negra' foi toda essa exploração de 'você pode imaginar uma nação africana com agência para se tornar estupenda?'", disse Schulman. "E eu pensei: 'Mas, espere, há uma nação africana que teve sua própria agência que se tornou estupenda. Não temos que fazer de conta'", disse a produtora Cathy Schulman ao jornal The Day.

“A mulher rei” acumulou críticas positivas após sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto. No Brasil, o longa tem estreia marcada para dia 22 de setembro.

A história das mulheres guerreiras

Em “A mulher rei” acompanhamos Nanisca, vivida por Viola Davis, comandante das Agojie, exército composto apensa por mulheres do Reino de Daomé, atual Benin, que nos anos 1800 era a força militar mais poderosa da África. Na obra Nanisca treina a próxima geração de recrutas para se defender de um reino africano maior e rival e de traficantes de escravos europeus.
Viola Davis vai liderar as Agojie, exército composto apenas por mulheres do Reino de Daomé, atual Benin (foto: Divulgação/Sony Pictures)

"Estamos no centro da narrativa. Mulheres negras, mulheres negras de pele escura, cabelos crespos, mulheres negras. Não há salvador branco. Não somos os melhores amigos de ninguém. Temos nossa autonomia, nossa agência nisso. E é uma história incrível que não é apenas um filme de ação. É um drama histórico e nos permite humanizar mulheres que normalmente não foram humanizadas”, disse Viola ao Africa News. “É o filme que definiu minha carreira", completou.



O filme foi gravado na África do Sul e os atores passaram por intensos treinos de musculação, corrida e luta. "Eu queria criar um mundo 360. Como esta é uma peça de época, eu queria que os atores olhassem ao redor e vissem este mundo, não telas verdes em todos os lugares ou carros e aviões. Eu queria que eles pudessem ter suas mãos e pés no solo e eles queriam isso também", explicou a diretora do filme, Gina Prince-Bythewood.

Luta nos bastidores

Viola Davis, que já conquistou as principais premiações mundiais de atuação como Oscar, Globo de Ouro, Emmy e Tony, recorrentemente utiliza suas redes sociais para falar sobre a dificuldade que atores e atrizes negros enfrentam no mundo artístico. Na divulgação de “A mulher rei”, a atriz volta a utilizar sua voz para dar visibilidade à questão.

"Não temos horas suficientes, dias suficientes para descrever como é difícil fazer filmes em Hollywood com pessoas negras, mas especialmente mulheres negras. Não há palavras para quantificá-lo. E eu gostaria que houvesse microfones na sala. Eu gostaria que houvesse câmeras na sala para que você pudesse ver como é a luta do dia-a-dia e você entenderia que isso é algo a ser comemorado", disse ao Africa News.



Viola também disse à AFP que sente uma enorme pressão para que esse filme seja um sucesso, pois será julgado como filmes com elenco e diretores brancos não são.  “Se não gerar dinheiro, então isso significa sobretudo que mulheres negras, mulheres negras de pele escura, não podem protagonizar um sucesso mundial de bilheteria?”, questiona. “Porque simplesmente não é verdade. Não fazemos isso com filmes brancos. Se um filme fracassa, você faz outro filme, e faz outro filme do mesmo jeito”, afirmou.

História, representatividade e visibilidade

A diretora Gina Prince-Bythewood disse ao The Day que está orgulhosa da capacidade do filme de mostrar narrativas históricas e oferecer uma perspectiva de pessoas negras, particularmente mulheres negras, que está enraizada na resiliência, força e poder. "Quanto de nossa história foi escondido de nós, ignorado, escondido?".

Além disso, afimrou que crianças brancas estão acostumadas a se verem representadas em heróis e para as crianças negras, poder fazer isso agora é um divisor de águas, mas que levará algum tempo para reparar todo o dano que foi feito.



"Acho mais trágico para nós que crescemos nos Estados Unidos, onde nossa história começa com a escravidão. Crescemos neste país onde a maioria de nossas imagens, especialmente no passado, é de vítimas. Nós nunca aprendemos como revidamos. Ter uma história como essa para mostrar, que literalmente viemos de guerreiros... eu gostaria de ter tido isso quando era uma garotinha”, declara.

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