Jornal Estado de Minas

RACISMO NA INFÂNCIA

'Mamãe, um dia vou ficar branco?', pergunta menino, que foi xingado de cocô


A estilista Claudete Alphonsus compartilhou vídeos nas redes sociais em que o filho de 5 anos conta ser alvo de racismo na escola. O pequeno pergunta à mãe se um dia será branco. "Mamãe, um dia eu vou ficar branco?". O menino fala com a mãe que os colegas o comparam ao cocô. "... cor de cocô é marrom", diz o menino chorando.




 
 
A mãe conversa, com muito carinho e cuidado, com ele, reforçando a autoestima do filho.  "Você não precisa ser branquinho. Você nasceu pretinho e lindo", consola a mãe. Ao fazer o post, Claudete destacou que outras crianças, a exemplo do filho, são cotidianamente vítimas do racismo.
 
"Crianças em contextos de desigualdades são vítimas do racismo nas escolas, nas ruas, nos hospitais ou aldeias e, às vezes, dentro de suas famílias, deparando-se constantemente com situações de discriminação, de preconceito ou segregação",  escreveu. 

A estilista relatou que vinha reparando o desânimo do filho em ir para a esola e que na sexta-feira (16/09) conversou com ele sobre o que estava ocorrendo.
 
 "Foi a coisa mais dolorosa de ouvir. Eu sentir meu coração dilacerar, partir em pedacinhos, sofri com ele, chorei com ele e peço a todos que cuidem dos filhos de você tomem conta do mental de seus filhos pretos e não permitam que machuquem", disse. "Nem permitam que eles façam seus filhos acharem que é feio por se marrom!"
 

Ela lembrou o quanto o racismo é danoso e prejudicial à saúde das crianças negras. "Afirma-se que o preconceito sofrido na infância pode causar impactos sérios no desenvolvimento infantil, já que quando os sistemas de resposta ao estresse das crianças permanecem ativados em níveis elevados por longos períodos, isso pode ter um efeito significativo de desgaste no cérebro em desenvolvimento e em outros sistemas biológicos."
 
A estilista ressaltou ainda os impactos do racismo na aprendizagem, no comportamento e na saúde física e mental de crianças. Por fim, reforçou que cabe à escola a função de combate ao racismo, além de trabalhar com questões de autoestima, aceitação e respeito às diferenças.