Aclamado como um dos maiores nomes da poesia contemporânea no Brasil, o poeta Ricardo Aleixo não guarda conhecimento para si. Entre as muitas ações de fomento às artes propostas por ele, a oferta do curso "Poéticas da dispersão: autoria negra nas artes virtuais e na poesia", cujos encontros serão realizados nos dias 4 e 6, 11 e 13 de outubro (terças e quintas), das 19h às 22h.
Serão abordadas questões que giram em torno da cada vez maior presença negra nas artes visuais e na poesia, no Brasil. O poeta pondera para o pouco espaço de reflexão sobre a temática. " Sinto, no entanto, que a reflexão teórica e a crítica ainda não estão à altura dessa grande e apaixonante movimentação criativa", diz.
A lacuna na compreensão da autoria negra motivou Ricardo a criar o curso. Ele pretende abordar textos que escreveu, nos últimos 20 anos, para catálogos de exposições, projetos curatoriais, prefácios e posfácios.
Ricardo destaca que a produção de artistas negros vem de longa data, apesar de não ter sido devidamente dimensionada pela crítica cultural. "Desde os tempos da Colônia, com o Barroco, embora essa atuação nem sempre tenha sido destacada pelo sistema de arte e pela história da arte, avalia.
Ricardo desenvolveu trajetória artística em que cria a partir de diferentes linguagens. O interesse pelas artes visuais, como ele explica, vem desde a infância, mas foi na juventude que começou a ganhar espaço na produção do artista. "Quando comecei a escrever, aos 18 anos, me vi totalmente fascinado pela poesia concreta, que atribui grande peso à visualidade e à plasticidade do signo verbal, relembra.
Desde a juventude, o interesse pelas artes visuais se converteu em obras que ele levou um tempo para expor. "Fui, gradativamente, me interessando pelas artes visuais, até que voltei a desenhar e comecei a criar objetos. Como na década de 80 os campos da arte ainda eram muito isolados, uns em relacão aos outros, demorei a criar coragem para mostrar o que eu fazia."
A apresentação dos trabalhos teve início no final da década de 1990 e com a influência de Lygia Pape. "Isso só aconteceria em 1998, quando fiz uma oficina com a artista neoconcreta Lygia Pape, que me incentivou muito a me assumir como um artista visual."
O curso
O curso terá quatro encontros, quando serão trabalhdos temas como a dispersão como método; noção de "pessoa-muitas", análise de aspetos técnicos-formais, formação de repertório crítico; leitura da obra enquanto conceito; intermedialidade como princípio estruturante nas poéticas africanas e afro-diaspóricas, corpo como escala, entre outros.
Ricardo adianta que os participantes serão incentivados a disssertar, oralmente e por escrito, sobre as obras que serão apreciadas coletivamente. O poeta abordará textos de Eliane Marques, Aline Motta, Leda Maria Martins, Jorge dos Anjos, Edimilson de Almeida Perirea, Sonia Gomes, Eustáquio Neves, Paulo Nazareth, entre outros artistas negros.
Serviço
Poéticas da dispersão: autoria negra nas artes visuais e na poesia
Data: 4 e 6; 11 e 13 de outubro
Horário: 19h às 22h
Número de vagas: 20
Valor: R$ 360
Informações e inscrições: producaolira@gmail.com