Por Fernanda Tiemi Tubamoto*
No dia 11 de outubro, celebra-se o Dia Internacional da Menina, data proclamada para reconhecer os direitos e os desafios específicos desse grupo, chamando a atenção para a necessidade de encará-los e promover o empoderamento e os direitos humanos delas.
Em 2022, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, pediu mais esforços dos países para garantir que, em todos os lugares, as meninas estejam saudáveis, instruídas e vivendo em segurança.
Em 1995, durante a 4ª Conferência Mundial da ONU sobre a Mulher na Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, já foi adotado um posicionamento unânime chamando a atenção global aos direitos das meninas, mas a data foi proposta como uma resolução pelo Canadá na Assembleia Geral das Nações Unidas apenas em 2011, que votou e adotou o dia 11 de outubro de 2012 como inaugural da celebração.
Hoje, a data é assinalada pelo décimo ano com apelos em favor da união e de maior investimento em direitos humanos.
Guterres fez um pronunciamento reforçando que o dia deverá ser marcado por celebrações e conquistas das meninas ao redor do mundo, enfatizando a importância da conscientização sobre seus direitos e do acesso á saúde e à educação, além de apelar ao Talibã que permita às meninas irem para as escolas.
“No 10° aniversário do Dia Internacional da Menina, celebramos vidas e conquistas das meninas do mundo inteiro. Agora, mais do que nunca, devemos renovar nosso compromisso de trabalhar em conjunto para que as meninas exerçam e desfrutem dos seus direitos e possam desempenhar um papel pleno e igualitário nas suas comunidades e sociedades. Investir nas meninas é investir no nosso futuro comum”, afirmou ele, em vídeo publicado no YouTube.
Desigualdade
A diretora-geral da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), Audrey Azoulay, enfatizou que as meninas estão prontas para uma década na qual é possível acelerar sua liderança e seu potencial de mudança, mas que se faz necessário que se garantam a elas educação, saúde e segurança.
Em publicação recente, a Unesco estima que a evasão escolar pode levar a mais de 10 milhões de casamentos precoces nos próximos dez anos.
No Brasil, uma pesquisa de 2013 publicada pelo portal Luneta entrevistou mais de 1.700 meninas de 6 a 14 anos e revelou que a desigualdade de gênero afeta diretamente o desenvolvimento de suas habilidades ao longo da vida e que muitas das jovens sabem disso: 37,7% acham que, na prática, meninas e meninos não possuem os mesmos direitos.
Uma em cada cinco meninas conhece outra que já sofreu algum tipo de violência, e 13,7% trabalham ou já trabalharam em algum momento da vida. Este é um dado que se reflete dentro de casa, nas tarefas domésticas: enquanto 76,8% das meninas lavam a louça, e 65,6% limpam a casa, apenas 12,5% de seus irmãos homens realizavam a primeira atividade, e 11,4%, a segunda.
* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata
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