Aquilombar convida para um encontro com as raízes negras na Serra do Cipó
O encontro de cultura preta na Serra do Cipó terá oficinas de capoeira, dança e rodas de conversa sobre a cultura negra
Por
Izabella Caixeta*
03/11/2022 10:26 - Atualizado em 03/11/2022 12:59
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Nascido da necessidade de reascender o pertencimento preto dentro de cada um, o evento “Aquilombar - Encontro de cultura preta na Serra do Cipó”, acontece de quinta (3/11) a domingo (6/11). O evento organizado pelo Coletivo Cultural Angola de Ouro contará com a presença dos mestres de capoeira, como Nego Bispo, Mestre Marrom, Mestre Claudio Nascimento, entre outros vindos de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
“É um encontro de protagonismo, ou seja, todos os mestres e mestras que estão sendo convidados são pessoas pretas, é um ato de demarcação de território. A gente entende que essa cultura preta tem sido invadida de várias formas, inclusive pelo capitalismo, pelo colonialismo”, afirma treinel Imani, idealizador do evento.
O encontro contará com oficinas de capoeira Angola, samba rural, samba de senzala, candombe, coco de roda, dança afro, forró e roda de conversa dentro do quilombo. Os ingressos variam de R$100 a R$150 e incluem hospedagem e transporte para o local do evento. Também serão ofertadas cinco vagas sociais para pessoas pretas para cinco grupos de capoeira de Belo Horizonte.
“A importância desse encontro é ser uma ferramenta para a gente retornar à nossa África interna, com nossos ancestrais, com nossas raízes. É importante para que a gente se reconheça e para que a gente se torne forte mais uma vez, porque quando a gente se separa a gente se enfraquece, e tem sido assim desde o começo da colonização”, afirma Imani.
Para além de criar um espaço para pessoas pretas serem acolhidas e protagonizarem as atividades, o evento “Aquilombar” também é um encontro beneficente, para levantar recursos para a iniciação de Imani no candomblé.
Mulheres são um ponto central do Coletivo Cultural Angola de Ouro (foto: Divulgação)
Imani é filho do Mestre João Angoleiro, que junto à Mestra Lena criou a “Associação cultural Eu Sou Angoleiro”. Imani é fundador do “Coletivo Cultural Angola de Rua”, que busca dar protagonismo para as mulheres na capoeira, uma área predominantemente ocupada por homens. “A gente sempre trata isso como pauta, a nossa ideologia, nossa forma de construir é pensando na coletividade, nas mães, incluir as mães dentro do processo”, afirma Imani.
Serviço
“Aquilombar - Encontro de cultura preta na Serra do Cipó”
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