Jornal Estado de Minas

A CULINÁRIA BRASILEIRA É NEGRA

Zora Santos prepara almoço afromineiro para o Dia da Consciência Negra



Em celebração ao Dia da Consciência Negra, a Salumeria Central oferece um almoço preparado por Zora Santos, cozinheira e pesquisadora dos saberes, técnicas e tecnologias da culinária preta. O almoço contará com entrada, prato principal e sobremesa. Terá o acompanhamento musical de DJ Black Josie, que escolheu um set especial para o dia.



Para homenagear mulheres negras que fazem parte da história brasileira, os pratos foram nomeados com os nomes delas: a escritora Maria Firmina dos Reis (1822-1917), a filósofa Lélia Gonzales (1935-1994), a fundadora do Quilombo dos Palmares Dandara (falecimento 1694), a líder quilombola Tereza de Benguela (1700-1770), a cantora Elza Soares (1930-2022) e a cantora Ivone Lara (1921-2018). “É uma forma de celebrar, comemorar, refletir e falar sobre”, afirma Zora.



A base da culinária de Zora vem de sua infância no quintal, do acesso à horta da família e cozinhando ao lado de sua mãe, avó e tias, sempre valorizando a ancestralidade. “A minha formação é na pratica, é na cozinha. Eu costumo dizer que as técnicas que minha família sempre usou são as técnicas cantadas em verso e prosa em qualquer escola de gastronomia”, conta Zora.

Zora defende que “comida brasileira é comida de preto”, feita, em especial, por mulheres negras. Ela explica que mulheres negras escravizadas chegavam sem conhecer nada do novo continente e precisavam se alimentar e alimentar os colonizadores. Então tinham que descobrir na prática quais as plantas eram comestíveis e como prepará-las. 



“Essas mulheres entraram no meio do mato, observavam os animais para descobrir o que era comestível e qual não era, muitas devem ter morrido envenenadas, e desenvolveram toda uma tecnologia para usar esse mato”, conta Zora.

Para apresentar pratos tradicionais para as novas gerações, a cozinheira busca atualizar as receitas para a realidade, sem nunca se afastar das origens, preservando práticas, técnicas e ingredientes. Além disso, Zora tem o desejo que um dia seja mais fácil acessar alimentos cultivados em quintais, o que ela chama de “comida de cerca”. 

“É uma questão de cultura. A gente precisa valorizar a nossa comida, o nosso quintal, valorizar o que a gente tem. É uma esperança que eu tenho de a gente valorizar essa nossa cultura alimentar, que é rica de mais, diga-se de passagem”, afirma Zora sobre a riqueza e variedade do solo brasileiro. 





Serviço
Zora Santos e a cozinha afromineira
Dia: 20 de novembro de 2022
Horário: 12h as 18h 
Local: Salumeria Central - rua Sapucaí, 527, bairro Floresta.
Ingressos: Sympla

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