Buscando entender as barreias e desigualdades enfrentadas por profissionais negros no mercado de trabalho, com foco na área de tecnologia, a pesquisa inédita “Potências Negras Tec”, divulgada neste mês devido ao Dia da Consciência Negra, revelou que 83% das pessoas negras que responderam à pesquisa já sofreram discriminação.
“O Mês da Consciência Negra é um lembrete para as empresas de que as ações precisam ser implementadas durante todo o ano, tal como a reflexão sobre as desigualdades raciais e de gênero nos ambientes de trabalho”, afirma Sônia Lesse, especialista em Diversidade e Inclusão e diretora de experiências da Profissas, escola que atua com Educação Corporativa e Diversidade.
Desigualdades no ramo de tecnologia
Esta segunda edição do estudo foi realizada entre os dias 11 e 26 de outubro de 2022 pela comunidade Potências Negras e Shopper Experience e contou com a participação de 1427 pessoas pretas (69%) e pardas (21%). Entre os entrevistados, 56% dos disseram ocupar cargos operacionais ou cargos de assistentes/técnicos e 29% estão desempregados.
Ao serem perguntados, 80% dos entrevistados acreditam que investir na área de tecnologia pode impulsionar o crescimento na carreira. Entretanto, a renda média de pessoas negras que atuam na área tecnológica corresponde a 66% da renda de pessoas brancas. O estudo mostrou também que o número de pessoas negras com carteira de trabalho assinada caiu de 51% para 45% e o desemprego aumentou de 20% para 29%.
Sônia explica que esse tipo esse levantamento de dados, em relação à população negra de maneira geral e em relação à tecnologia, é muito importante uma vez que os dados são fundamentais para entender esse recorte da população e do que acontece na sociedade para seja possível mobilizar mudanças.
“Ter dados específicos, que mostrem a realidade e os desafios para pessoas negras, nos possibilita pressionar a iniciativa pública e privada para melhorias, e criar caminhos que realmente vão criar oportunidades para todas as pessoas e incluir as pessoas negras nessas oportunidades”, afirma a especialista.
Combatendo a desigualdade racial nas empresas
Sônia explica que ações pontuais, realizadas apenas em datas comemorativas, podem causar um efeito contrário ao que é proposto. Políticas de promoção e valorização profissional nas empresas ainda impedem que pessoas negras ocupem as posições mais bem-remuneradas e que envolvem poder de decisão.
“Somente com ações estratégicas e contínuas será possível ter uma conscientização verdadeira sobre o tema, sendo um ponto de partida para melhorias, adequações e mudanças reais nas organizações”, destaca Sônia.
Ações de combate à desigualdade como canais de denúncia, ouvidoria interna, material de conscientização e políticas de apoio que acolham os funcionários vítimas de discriminação, são fundamentais para a criação de um ambiente plural e respeitoso.
Um exemplo é a Mercado Livre que oferece a todos os colaboradores e colaboradoras o acesso a serviços de saúde ocupacional, que contempla telepsicologia gratuita, e ao programa Employee Assistance, que oferece assessoria psicológica, financeira, contábil, legal e nutricional.
“Investimos em diversos projetos voltados ao bem-estar das nossas colaboradoras e isso inclui iniciativas para saúde física e mental, assim como benefícios adicionais que se adequam a diferentes momentos e contextos pessoais e familiares”, afirma Claudia Soler, gerente sênior de People do Mercado Livre.
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