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Estado de Minas CHAVOSO!

Amor e progresso: jovens das periferias resgatam o verde-amarelo

Corte com as cores da bandeira do Brasil segue o estilo 'chavoso', que faz muito sucesso nas redes sociais


23/11/2022 10:21 - atualizado 23/11/2022 13:44

Jovem negro com o cabelo com os desenhos da bandeira do Brasil e a frase 'amor e progresso'
(foto: Jeff/Divulgação)

 

O verde-amarelo, na Copa do Mundo do Catar, é resgatado da disputa partidária que dividiu o Brasil nas últimas eleições. E as cores da bandeira, literalmente, têm feito a cabeça de jovens das periferias de todo o país. A moda é colorir os cabelos de verde e amarelo, técnica dominada pelo barbeiro Wesley Fernandes (@wesleyfer4ndes), de 26 anos,  que está chamando a atenção nas redes sociais.

 

Ao bolar um corte de cabelo estilizado, ele adaptou o lema da bandeira nacional. No lugar de "ordem e progresso", o barbeiro colocou "amor e progresso". Nas fotos feitas pelo fotógrafo Jeff (@caodenado), os modelos aparecem em super produções de moda: os cabelos com o desenho da bandeira estilizada, as camisas da Seleção Brasileira de Futebol e muitas correntes douradas. Seguem o estilo das "quebradas" que ficou conhecido como "chavoso".

  

Wesley conta ao DiversEM que a inspiração para elaborar o corte foi o cantor Emicida. "A inspiração desse corte foi por causa de um podcast com o Emicida. Ele falou sobre a bandeira, sobre a importância de a gente colocar o amor na bandeira. Eu fiquei com isso na cabeça. Falei: mano, eu preciso fazer isso!", relata.

 

Tentou realizar o corte em outros momentos, mas calhou de dar certo justamente agora, na época da Copa do Mundo.  "Este ano falei:  vai ser agora ou não vai ser nunca. Foi o momento certo, em que a população vive a Copa do Mundo", diz. E o sonho dele é poder fazer o corte em Neymar. "Ele é a nossa inspiração."

 

Wesley afirma que procura separar o trabalho da disputa política, e que a ideia do corte em referência à bandeira nacional teve uma razão mais afetiva. A razão é mais nobre e universal: ele pretende com o trabalho refletir sobre o amor, sentimento que nos move. 

 

"Eu não envolvi o meu trabalho no meio da política, tá ligado? Tipo foi uma questão humana mesmo, tipo nossa sem envolver a política. A política que gerou essa guerra entre as pessoas, esse momento que a gente está vivendo, de muita briga, muito ódio por causa de pessoas que vão ganhar e vão podem mudar o Brasil, tá ligado? Mas a gente tem que ter o amor, se não não tem como a gente ir pra frente. " 

 

O amor vem  em primeiro lugar, na avaliação dele. No entanto, algumas pessoas foram até as suas redes fazer críticas por ele ter substituído 'amor' por 'ordem'.

 

"Recebi muitos comentários falando sobre a ordem, que eu estava cometendo crime e tal. Daí eu falei:' mano, eu não estou cometendo crime. Eu não estou mudando a bandeira, estou mudando no meu trabalho'", afirma. Ele não entra na provocação. "Não quero mudar o jeito de pensar de ninguém", diz. Mas ressalta: "esse é o meu".

Estilo chavoso

Jovem negro com o cabelo pintado com as cores da bandeira usa camisa da seleção brasileira
(foto: Jeff/Divulgação)
 

O estilo chavoso nasce na periferia, ganha as redes sociais e até mesmo as passarelas. "É o estilo da quebrada. O estilo que a gente gosta de usar, tipo é o estilo de cabelo, de falar e de se vestir", define Wesley.

 

Os barbeiros são aliados importantes para o sucesso do estilo chavoso. Os cortes feitos milimetricamente, como se tivesse usado uma régua, fazem muito sucesso nas redes sociais. Barbeiro no Salão Santana, em Sorocaba, em São Paulo, Wesley dá contribuições ao estilo.  

 

"Vem da cultura da barbearia na quebrada: os cortes  e os penteados que os moleques fazem viralizam para caramba na internet. A pintura agora  também está em alta. Envolve tudo: freestyle, os cortes que a molecada faz e viraliza muito, e as pinturas", conclui.  

Barbearia e arte

 

Jovem negro atrás de uma tela de alambrado, usando a camisa da seleção e com a bandeira pintada nos cabelos
(foto: Jeff/Divulgação)

 

Wesley trabalha como barbeiro há uma década, desde os 16 anos.  É ao cortar cabelos, ele leva um pouco de arte para as cabeças dos clientes. "Sempre gostei muito de desenhar, então, quando eu comecei a cortar cabelos, quis colocar tudo que eu fazia dentro disso", diz. 

 

Wesley levou três horas para fazer o corte da bandeira nacional nos jovens que foram os modelos. A duração do desenho na cabeça pode ser de até uma semana, de acordo com os cuidados. "Depende de quem vai cuidar, do zelo. Tem gente que já vai lá vai com bastante xampu esfrega. Então sai rápido dependendo do jeito que você cuidar", diz. 

 


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