Nessa segunda-feira (28/11), após o segundo jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo no Catar, internautas pontuaram que Galvão Bueno, narrador oficial do jogos do Brasil na Rede Globo, tem tratado a comentarista Ana Thaís Matos com indiferença, ao contrário do que é observado em relação aos demais comentaristas homens que já atuaram com ele. De acordo com usuários das redes sociais, o locutor nunca replica as falas dela, o que tem gerado incômodo entre os espectadores.
Ana Thaís é uma das pioneiras da presença da mulher no jornalismo esportivo brasileiro e é a primeira mulher a comentar, em TV aberta, as partidas da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo masculina. Em entrevista ao G1, ela também falou a respeito de o momento ser favorável ao empoderamento feminino na televisão brasileira. “Nós saímos do lugar do entretenimento e passamos a ocupar o lugar de opinião dentro do jornalismo esportivo. Se você liga a TV de manhã e passa pelos principais canais de esporte, sempre vai ter uma mulher debatendo”, afirma.
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Marta marcou gol em cinco mundiais diferentes antes de Cristiano RonaldoMulheres despontam como narradoras e comentaristas de futebolArgentinos elegem namorada de jogador como motivo da derrotaMachismo e surpresa lideram comentários sobre arbitragem de mulheres Neuza Back é a primeira brasileira a apitar um jogo de Copa do Mundo'Sabemos da pressão', diz árbitra do primeiro trio de arbitragem femininoJogadores de origem africana estão presentes em 14 seleções da CopaPor esse motivo, Galvão acabou entre os assuntos mais comentados da rede na manhã de terça-feira (29/11), relacionado ao termo “machismo”.
Confira algumas das postagens:
Histórico de Ana Thaís
A jornalista de 37 anos é formada pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e já começou estagiando em veículos de esporte, como o Diário LANCE! e a BandSports. Em 2012, entrou para o Grupo Globo e passou a trabalhar como repórter da Rádio Globo São Paulo e da Rádio CBN como setorista do Palmeiras.
Seis anos depois, em 2018, estreou no SporTV, na Copa do Mundo, e foi a primeira comentarista feminina na TV Globo durante a Copa do Mundo feminina, na partida entre Brasil e Jamaica; e no futebol masculino, numa partida entre Santos e Athletico Paranaense. Desde então, atua em vários jogos do Brasileirão masculino e feminino com bastante destaque e, em 2020, venceu o troféu ACEESP - Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo, na categoria Comentarista de TV.
Ana Thaís assume uma postura firme e feminista dentro e fora das telas, sem medo de criticar atitudes machistas no futebol, chegando a sofrer ameaças por conta disso, como em 2020, quando criticou as negociações do Santos com o atacante Robinho, que então era acusado de estupro na Itália. Assim que o jogador foi condenado à prisão pela Justiça italiana, ela desabafou nas redes sociais.
"Sobre o caso do ex-jogador do Santos - à época condenado em 1ª instância - eu falei sobre como não importa o que esses caras façam, a forma como o futebol enxerga a mulher é ao lado do entretenimento pra marmanjo. Uma condenação por estupro não era o suficiente pra idolatria. A luta não é contra o time A, time B, defender a emissora em que eu trabalho, defender macho escrot* nenhum. A luta é pra acabar com a violência de todas as formas contra nós mulheres, e não precisamos reforçar todos os dias 'somos feministas, defendemos as mulheres, ele não'. Acordem!", escreveu ela.
Além desse caso, Ana Thaís também se mostrou contra a idolatria do técnico Cuca, que também foi acusado de estupro na Suíça em 2021.
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* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata