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Estado de Minas USO INDEVIDO DE IMAGEM

Mãe denuncia tatuagem com o rosto do filho feita sem permissão

A tatuagem, que ganhou prêmio na Tatoo Week em São Paulo, foi feita sem a permissão do fotógrafo e da família da criança


01/12/2022 16:06 - atualizado 01/12/2022 16:39

Montagem mostra a foto de rosto de um menino negro de quatro anos à direita, e à esquerda a tatuagem feita reproduzindo a foto no braço de um homem branco
Mãe denuncia rosto do filho de 4 anos tatuado sem permissão no braço de um homem branco, a aponta racismo (foto: Reprodução/Instagram)
Preta Alágbára, mãe de Ayo, de quatro anos, ficou surpresa ao ver o rosto do filho em uma postagem do tatuador Neto Coutinho, comemorando o prêmio durante o Tatoo Week, uma competição de tatuagem realizada em outubro na cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo. A imagem foi utilizada sem o consentimento de Preta ou do fotógrafo Ronald Santos Cruz, responsável pelo registro.

Indignada por ver a imagem na pele de um desconhecido sem sua permissão, a mãe tentou contato com o tatuador, mas foi ignorada. A situação só mudou depois que pediu à Ronald para denunciar em sua página no Instagram, que tem um grande número de seguidores. Assim o caso ganhou visibilidade no dia 28 de novembro.

Na postagem, Ronald afirma que o que aconteceu é revoltante e aponta o racismo presente no caso. “O que choca é o cidadão branco usar de uma criança negra para tatuar em seu corpo, cuja criança ele nunca avistou em sua vida. Essa não é a primeira vez que pessoas brancas pegam fotos minhas e usam das formas que bem entendem sem pedir autorização nenhuma”.


Preta relata que o tatuador diz ter encontrado a imagem no Pinterest, uma plataforma de compartilhamento de imagens. Para a mãe, o ato foi visto como desumanização do seu filho e ela quer que o rosto da criança seja removido ou coberto. 

“Eu acho surreal alguém pegar a foto do meu filho, seja em que contexto for, e tatuar no braço de uma pessoa que sequer conhece meu filho. Nem o nome do meu filho o tatuador sabia”, afirma Preta. “Então, dane-se se foi uma arte. Meu filho não é para ser comercializado, tatuado em corpos de pessoas que sequer sabem quem é meu filho, qual o nome dele, qual a história dele. Isso é um absurdo, não tem a menor possibilidade de ser aceito por mim”, completa.

Na postagem do Instagram, Preta conta que a foto foi feita com a permissão dela e do próprio Ayo, respeitando o tempo da criança. Ela questiona ainda a realização e reprodução de imagens de pessoas negras sem o conhecimento das mesmas, como se corpos negros fossem “terra de ninguém”. “Nossos meninos não são públicos, nossos meninos tem mães e pais, tem família, não são filhos de chocadeira. Isso está na hora de acabar”, afirma.

Em nota oficial publicada no perfil de Neto Coutinho, advogado de defesa do tatuador, Gabriel Rodrigues afirmou que o artista se retrata com a família e com a comunidade negra e que estão em contato com a família de Ayo para resolver a situação de forma pacífica.

“O referido artista se retrata expressamente sobre a reprodução da fotografia efetuada por Ronald Santos Cruz. No que se refere a criança representada pela tatuagem, o artista Neto Coutinho encaminha seu profundo pedido de desculpas, principalmente aos pais, familiares e a própria criança”, afirma a nota.



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