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Estado de Minas ARTES CÊNICAS NEGRAS

Prêmio Leda Maria Martins celebra a produção negra nas artes cênicas

Depois de dois anos no formato remoto, a premiação será realizada presencialmente no Conservatório da UFMG nesta quarta-feira (7/12)


07/12/2022 12:33 - atualizado 07/12/2022 13:38

Leda Maria Martins de perfil, falando ao microfone
Leda Maria Martins nomeia um dos principais prêmios nacionais das artes cênicas (foto: Pablo Bernardo/Divulgação)

 
Depois de dois anos no formato remoto, a sexta edição do Prêmio Leda Maria Martins será presencial nesta quarta-feira (7/12) no Conservatório de Música da UFMG, no Centro da capital. Com o tema "Suturas", uma referência ao trabalho da artista Rosana Paulino, o prêmio destaca espetáculos teatrais negros.
 
O termo suturas faz referência à experiência da população negra no Brasil em decorrência do processo criminoso da escravidão."Rosana fala, na proposição dela, que não é uma costura. É uma sutura, um pensamento mesmo cirúrgico. É algo que necessita de um cuidado especial, vinculado à toda essa história da população negra desde a travessia atlântica ao 'refazimento' das nossas histórias aqui no Brasil", afirma Denilson Tourinho, o idealizador do prêmio.
 
O pensamento em torno de suturas guiou o processo de seleção das montagens de artes cênicas negras contempladas pelo prêmio. "A ideia de sutura que eu vou trabalhar não é costura, não é bordado, é  sutura... pensando no ponto de vista médico da sutura como uma coisa violenta, uma coisa que amarra, uma coisa que eu ainda vou trabalhar muito em 'refazimento' dessas pessoas e desses corpos que cruzam o  atlântico", escreve.
 
O nome do prêmio é uma homenagem à poeta, pesquisadora e  artista Leda Maria Martins. As categorias da premiação se inspiram em termos cunhados por Leda, que são relacionados às áreas técnicas das artes das cenas.  

Catalogação

Nesta edição foram catalogados quase 100 projetos cênicos. Dez deles são produções de Belo Horizonte e  dez de fora de Minas estão entre os premiados. Com esse propósito de catalogar os espetáculos, o registro é feito de projetos cênicos recém-lançados, e também de trabalhos realizados há mais tempo. Nesta edição, o prêmio bateu o recorde de projetos cênicos catalogados.
 
Denilson avalia que houve avanços ao longo das seis edições do prêmio.  "Algumas pautas estão com alguns passos à frente e nas teatralidades ligadas nas artes negras também. É a primeira realização presencial de abrangência nacional". 

Rosana Paulino

Rosana Paulino, com blusa branca, está gesticulando com a mão direita erguida
O tema desta sexta edição do prêmio é inspirado na obra da artista plástica Rosana Paulino (foto: Ed Júnior/Divulgação)
 
Rosana Paulino é um dos nomes mais importantes das artes plásticas no Brasil. Ela é doutora em artes visuais pela Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP). Também é especialista em gravura pelo London Print Studio, de Londres.
 
A artista destaca-se por sua produção ligada às questões sociais, étnicas e de gênero. As obras têm como foco principal a posição da mulher negra na sociedade brasileira e os diversos tipos de violência sofridos por esta população decorrente do racismo e das marcas deixadas pela escravidão.
 
Rosana Paulino possui obras nos mais importantes museus mundiais, como  Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM); Pinacoteca;Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP); Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba); University of New Mexico Art Museum (UNM) e Museu Afro-Brasil, em São Paulo. 



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