O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disponibilizou em sua biblioteca digital uma cartilha com orientações para abolir ou substituir expressões com origem racista do vocabulário nacional. O material foi oficialmente lançado em 30 de novembro durante o Encontro Democracia e Consciência Antirracista na Justiça Eleitoral.
Leia Mais
Jornalista mineira passa mal e morre aos 26 anos, em São PauloPrêmio Leda Maria Martins celebra a produção negra nas artes cênicas Mbappé e modelo francesa sofrem ataques racistas e transfóbicosCom 'a cara do Brasil'?: como ficou a diversidade nos ministérios de LulaLGBTQIA: transexuais são o público que mais reporta violência no DFCom tom didático, o documento intitulado “Expressões racistas: como evitá-las” elenca 40 termos e frases (veja lista ao fim da matéria) que carregam um histórico de discriminação racial, explicando as origens da cada um deles e por que eles devem ser substituídos.
A cartilha reúne expressões que têm origem no período escravagista do Brasil, frases com teor derrogatório a religiões de matriz africana e verbos, como é o caso de ‘denegrir’, que faz uma associação de pessoas negras à uma situação ruim.
“O uso da expressão confirma o viés preconceituoso também quando se verifica que aquilo que foi “denegrido” precisa ser limpo, corrigido, “esclarecido”. Trata-se de mais um termo que deve ser abandonado, por trazer embutida uma carga racista muito forte, que pode ser trocada por “difamar” ou “caluniar”, por exemplo”, aponta o documento.
‘Meia tigela’ ou ‘de meia-tigela’ é um exemplo de expressão que carrega significados oriundos do período escravagista. Conforme apontado na cartilha, a frase utilizada para caracterizar algo de qualidade inferior pode ter origem na distribuição de alimentos às pessoas escravizadas, que receberiam menos comida como punição caso seu trabalho fosse considerado insuficiente.
A cartilha pode ganhar novas edições com uma ampliação da lista de expressões de cunho racista. Para sugerir novos termos, é possível entrar em contato com a comissão responsável no TSE através do e-mail nid@tse.jus.br.
Veja abaixo as expressões que devem ser abolidas. Todas as explicações, origens dos termos e sugestões de substituição estão disponíveis na cartilha.
- A coisa tá preta
- Barriga suja
- Boçal
- Cabelo ruim
- Chuta que é macumba!
- Cor de pele
- Criado-mudo
- Crioulo
- Da cor do pecado
- Denegrir
- Dia de branco
- Disputar a negra
- Esclarecer
- Escravo
- Estampa étnica
- Feito nas coxas
- Galinha de macumba
- Humor negro
- Inhaca
- Inveja branca
- Lista negra
- Macumbeiro
- Magia negra
- Meia-tigela / de meia-tigela
- Mercado negro
- Mulata
- Mulata tipo exportação
- Não sou tuas negas!
- Nasceu com um pé na cozinha
- Nega maluca
- Negra com traços finos
- Negra de beleza exótica
- Negro de alma branca
- Ovelha negra
- Preto de alma branca
- Quando não está preso está armado
- Samba do crioulo doido
- Serviço de preto
- Teta de nega
- Volta pro mar, oferenda!