O Dossiê de Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2022 foi divulgado na última quinta-feira (26/01), durante evento no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, em Brasília. O lançamento ocorre durante celebrações do Mês da Visibilidade Trans e aponta o Brasil como o país que mais mata trans e travestis no mundo pelo 14º ano consecutivo.
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Evento de lançamento
Representantes da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), responsável pela realização do documento, se encontraram com diversas autoridades como a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, a Secretária Nacional dos Direitos LGBTQIA+, Symmy Larrat, a Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e o Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida. O encontro simboliza a retomada dos diálogos sobre políticas públicas com as minorias.
Sara afirma que é muito simbólico que o lançamento do Dossiê tenha ocorrido em um dos prédios de apoio do Ministério dos Direitos Humanos com a presença das autoridades. “Pela primeira vez travestis, transexuais, homens trans, pessoas não binarias e pessoas de gênero fluido foram recebidas por um ministro do governo para discutir, ouvir e atender demandas específicas do grupo mais marginalizado do Brasil”.
A ativista ainda reflete sobre a dualidade do encontro. Ao mesmo tempo que o novo governo recebe LGBTQIA em um evento oficial, ainda há a necessidade de lutar pela implantação real de políticas públicas básicas como utilização plena de nome social, retificação mais barata de nome e gênero em documentos oficiais e diminuição de valores de hormônios.
“O caminho para tornar o Brasil mais inclusivo é justamente trazendo esses sujeitos que foram esquecidos, dizimados para o centro da discussão e reperguntarmos “de quem é o Brasil hoje?”, não de quem foi o Brasil no ano passado ou há quatro anos atrás. A questão talvez seja a resposta para essa inclusão”, reflete Sara.
A realidade brasileira
O documento ainda traz o dado da ONG Transgender Europe de que o Brasil segue, pelo 14º ano consecutivo, como o país que mais mata trans e travestis no mundo. Em contrapartida, o Brasil também figura como o país que mais consome pornografia trans nas plataformas digitais.
Segundo o Dossiê, pelo menos 151 pessoas trans foram mortas em 2022, sendo 131 casos de assassinatos e 20 pessoas trans suicidaram. Destes, a maioria eram mulheres negras e apenas uma vítima era um homem trans. Houve ainda 142 violações de direitos humanos e os casos de impedimento de uso do banheiro foram os que mais tiveram destaque nessa edição.
A ANTRA ainda aponta a dificuldade de se conseguir dados específicos sobre assassinatos e violências contra trans e travestis, e que o próprio Atlas da Violência já vem denunciando a dificuldade de obter informações sobre LGBTIfobia em seus levantamentos. Isso leva a crer que existe uma grande possibilidade de que haja subnotificação nos dados.
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