Povo indígena de Ouro Preto, os Borum Kren anseiam pelos direitos de ter um território demarcado. Trata-se de um dos temas debatidos no Dia Nacional da Luta dos Povos Indígenas, celebrado nesta terça-feira (7/2).
Líder indígena, Danilo Borum Kren diz que a demarcação de terras e a preservação da cultura são as principais reivindicações da comunidade.
Graduando em história pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), o servidor público e assessor indígena na diretoria de Igualdade Racial da Secretaria de Cultura e Turismo de Ouro Preto conta que o pedido pelos estudos de identificação para a demarcação de terras foi iniciado em 2021.
“Não temos até hoje uma conversa oficial sobre a demarcação de nossas terras, até hoje ninguém da Funai nos procurou”, relata.
Mesmo assim, os Borum Kren vêm participando de debates sobre o zoneamento municipal para subsidiar o futuro plano diretor de Ouro Preto e a identificação dos territórios de referência ancestral e histórica.
Herança
Danilo conta que a tradição de andar pelo mato ainda resiste, mesmo com a falta de políticas públicas. Outra herança apontada pelo indígena está na vida nômade de seus ancestrais que andavam pela região da cabeceira da bacia hidrográfica dos rios Doce, das Velhas e Paraopeba.
“Por estarmos dentro do quadrilátero ferrífero, lutamos pela preservação dos parques e rios. Nosso povo é basicamente rural, e ainda temos a cultura mateira, por isso, precisamos da floresta viva para fabricação dos remédios e artesanato”, comenta Danilo.
Cabeça que cuida
O sobrenome Borum Kren marca a identidade de um povo que vivia na região dos Inconfidentes. A escolha da autodenominação se deu após uma pesquisa sobre as questões indígenas dos povos que viveram em Ouro Preto, Mariana e Itabirito desde o ciclo do ouro.
O indígena e historiador conta que encontrou poucos relatos históricos e que a comunidade tinha vários nomes dados por pessoas não indígenas. Eram conhecidos como cataguases, guarachues, batatais, guaianazes do velhas, aymorés e, o mais comum, botocudos.
“Com esse tanto de nome para explicar nossa denominação, perguntamos aos mais velhos e chegamos em três palavras que nossos povos ancestrais reconheciam: boticudos, borum, que significa gente, e kren, que significa cabeça, então somos um povo que tem a cabeça que cuida”, diz.
A partir da escolha dos três nomes, foi formado um coletivo em 2019, e assim foram oficializados e reconhecidos como povo Borum Kren.