No início de fevereiro, uma conta no Twitter publicou um mapa do Brasil classificando o Norte e o Nordeste como “brasileiros nativos” e o Centro-Oeste, o Sudeste e o Sul como “imigrantes nazistas”. Esta semana, a imagem voltou a repercutir entre internautas após um usuário afirmar que constatações como essa excluem povos indígenas e quilombolas que resistem na região considerada nazista pelo mapa.
“Odeio quando falam que o Sudeste, Sul e Centro-Oeste só tem racista/nazista. Parece que esquecem que nessas regiões existem povos indígenas e quilombolas que resistem até os dias de hoje, aí eles entram nesse balaio tomando nome de racista e nazista, sendo que são vítimas de discriminação diariamente só por não serem brancos”, comentou. “É a mesma coisa quando falam que no Sul só tem branco, vocês invisibilizam todas as pessoas que não são brancas e que moram nessa região”, completou.
O comentário repercutiu e outros usuários se dividiram entre concordar e discordar da afirmação. “E imagina falar que todo nordestino e nortista é ‘nativo’, quando tem famílias que são herdeiras das primeiras linhagens de colonizadores que mantêm a supremacia branca até hoje”, escreveu um.
“Cara, mas obviamente a imagem não se refere aos indígenas e pretos dessa região. Tá se referindo justamente aos brancos racistas. É óbvio que não é a população toda desses estados que é racista/nazi, mas por ter maior incidência de casos assim, acabam generalizando”, respondeu outro.
Dados no Brasil
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou o primeiro levantamento sobre territórios quilombolas no país apenas em 2020. De acordo com dados oficiais preliminares dessa pesquisa, divulgados em abril do mesmo ano, existem 5.972 localidades quilombolas, distribuídas por 25 unidades da Federação, em 1.672 municípios.
O levantamento por região mostra que a maior quantidade de localidades quilombolas está no Nordeste, com 53,09% do total. Nas demais regiões, estão 22,75% no Sudeste; 14,61% no Norte; 5,34% no Sul e 4,18% no Centro-Oeste.
Apesar da garantia constitucional do direito às suas terras tituladas, o levantamento do IBGE mostra que, das 5.972 localidades quilombolas, 4.859 (81,36%) estão fora de territórios “oficialmente delimitados” e de qualquer etapa do processo administrativo de reconhecimento, delimitação e titulação considerados pelo instituto.
Terras indígenas (TIs) no Brasil já são melhores monitoradas. Elas já somam 726 áreas, ocupando uma extensão total de 1.173.776 km2, compondo 13.8% da área do país que são reservados aos povos indígenas.
A maior parte das TIs concentra-se na Amazônia Legal: são 424 áreas, 115.344.445 hectares, representando 23% do território amazônico e 98.25% da extensão de todas as TIs do país. O restante, 1.75% , espalha-se pelas regiões Nordeste, Sudeste, Sul e estados de Mato Grosso do Sul e Goiás.
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