Jornal Estado de Minas

REPRESENTATIVIDADE EM HOLLYWOOD

Brendan Fraser é o 6º ator hétero a ganhar o Oscar por um personagem gay

Brendan Fraser ganhou o Oscar de Melhor Ator em Papel Principal, neste domingo (13/3), e se tornou o sexto homem hétero a conquistar a estatueta por interpretar um personagem gay. A nomeação se deu por sua atuação em “A Baleia”, filme que marcou seu retorno aos cinemas após dez anos longe de Hollywood. 





No longa, Fraser dá vida à Charlie, um professor de 270Kg que vive recluso em seu apartamento e, após receber a notícia de que morrerá em breve, tenta se reaproximar da filha adolescente que havia abandonado para viver um romance com seu companheiro. “A Baleia” enfrentou severas críticas por cenas gordofóbicas, por não ter escalado um ator gordo para o papel principal e pelo uso de fat suit.
Antes de Fraser, outros cinco atores ganharam a estatueta de melhor ator por personagens gays: William Hurt por "O Beijo da Mulher Aranha" (1985); Tom Hanks, por "Filadélfia" (1993); Philip Seymour Hoffman, por "Capote" (2005); Sean Penn, por "Milk: A Voz da Igualdade" (2008); e Rami Malek, por "Bohemian Rhapsody" (2018).

Invisibilidade em Hollywood

A conquista de Fraser marca mais um ano de invisibilidade dos atores gays na premiação. Em 2016, o ator Ian Mckellen, indicado duas vezes ao Oscar, escreveu um artigo para o jornal britânico “The Guardian” sobre como a homofobia é um problema tão grande quanto o racismo em Hollywood, uma vez que nenhum ator abertamente gay ganhou um Oscar de Melhor Ator. 





Ian foi indicado a melhor ator por “Deuses e Monstros” (1999) e como melhor Ator Coadjuvante por Gandalf em “Senhor dos Anéis - A sociedade do Anel” (2001). “Meu discurso foi em dois paletós… 'Tenho orgulho de ser o primeiro homem abertamente gay a ganhar o Oscar.' Tive que colocá-lo de volta no bolso duas vezes”, declarou McKellen ao “The Guardian”. 
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A afirmação de McKellen segue sendo verdade oito anos depois de sua publicação. Das 13 indicações de atores gays para a categoria, apenas ele, Paul Winfield e Nigel Hawthorne, já haviam falado sobre sua sexualidade quando foram indicados e não levaram a estatueta. Nas demais indicações, os atores apenas se assumiram anos depois. Um exemplo é Marlon Brando, com cinco indicações e dois Oscar, por “On the Waterfront” (1954) e “O Poderoso Chefão” (1972), mas só assumiu ter relações com outros homens em 1976.

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