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Estado de Minas RACISMO

Vítima de racismo na Leroy Merlin indaga: 'Por que somos tratados assim?'

Caso ocorreu na tarde da última segunda-feira (13/3) no bairro Dom Joaquim, em Belo Horizonte, e vítima denunciou nas redes sociais


14/03/2023 15:50 - atualizado 14/03/2023 16:58

Itens que a jovem comprou ao lado de uma sacola da Leroy Merlin
Jovem que denunciou Leroy Merlin por racismo fez compra de aproximadamente R$ 270 (foto: Reprodução)

Uma jovem de 34 anos denunciou ter sido vítima de racismo em uma unidade da loja de material de construção Leroy Merlin no bairro Dom Joaquim, em Belo Horizonte (MG), na tarde desta segunda-feira (13/3). Na ocasião, ela decidiu pagar sua compra via Pix, mas uma inconsistência sistêmica não reconheceu o pagamento, o que a levou a ser perseguida pelos funcionários do estabelecimento.

De acordo com a vítima, que registrou um boletim de ocorrência na manhã desta terça-feira (14/3), ela foi até a loja por volta das 17h30 para comprar alguns insumos para decorar seu quarto. A compra totalizou cerca de R$ 270 em produtos, mas por conta do problema no pagamento, precisou ser direcionada ao balcão de atendimento da loja. Lá ela esperou por mais de meia hora na companhia de uma amiga e foi tratada com descaso pela funcionária responsável.

“Pedi para chamar o gerente, porque queria resolver logo a situação, mas só recebi descaso da funcionária que estava nos atendendo. Ela ignorou que estávamos lá, não prestou atendimento algum, não perguntou meu nome. Ela não teve interesse em nos atender, de pegar meu celular, de tirar cópia dos meus documentos, e quando finalmente perguntei se poderia ir embora, até porque já tinha pago pela minha compra, ela continuou me ignorando. Então só pegamos a sacola e saímos”, explicou a jovem.

Assim que desceram as escadas em direção ao estacionamento da loja, um segurança chamou por elas, que esperaram que ele chegasse onde estavam. Elas explicaram a situação e, ainda assim, foram coagidas. Ela registrou alguns momentos; veja:
 

“Uma das funcionárias tentou pegar a sacola com a minha compra da mão da minha amiga. Ela [funcionária] e o segurança ficaram atrás da gente enquanto íamos para o carro ameaçando a gente de chamar a polícia, filmando o meu carro, a mim e a minha amiga”, contou ela.

A vítima pediu, mais uma vez, que chamasse o gerente, o que não foi feito. Incomodada e constrangida, apenas entrou em seu carro e foi embora, pois tinha uma reunião de trabalho. Ela retornou à loja poucas horas depois para tentar resolver a situação.

Quando o gerente apareceu, pediu desculpas e afirmou que o problema era culpa do sistema nacional do Pix, o que é negado pela jovem. “Se fosse realmente isso, o dinheiro não teria saído da minha conta, ou eu já teria tido um estorno, o que não aconteceu. O problema era do sistema deles”, diz.

“Pedi ao gerente a cópia do boletim de ocorrência que disseram que fariam quando saímos da loja, mas não conseguiram emitir, não tinham o que denunciar. O que eles iriam registrar? Que eu saí sem pagar por produtos que eu tenho comprovante de pagamento?”, acrescentou.

De acordo com a jovem, na noite de ontem, ela chegou a receber um reembolso – e não um estorno – do valor da compra, mas que sua indignação pela situação não era pelo dinheiro, e sim pela falta de dignidade com que foram tratadas.

“Eles estão fazendo isso de má fé mesmo, porque eu não queria o dinheiro de volta, queria os produtos que já levei para casa, queria ser tratada com dignidade, como qualquer pessoa branca que vi lá dentro é tratada. Eles nunca fariam isso com duas jovens brancas, a tratativa não seria a mesma com dois corpos brancos. Preferiram nos humilhar, nos coagir, nos ameaçar, e não tentaram resolver nosso problema, por isso denunciamos como racismo”, afirmou.

Ela também questiona: “Por que a abordagem de uma pessoa preta tem que ser dessa forma? Por que temos que ser tratados dessa maneira? Por que um erro de sistema de loja se tornou uma situação em que humilhar, constranger e ameaçar era a solução? Por que não nos tratam bem? Eu não queria me expor, estou fazendo isso para que outras pessoas não precisem passar por isso”.

A vítima também explica que a denúncia não é válida apenas para os funcionários, mas para a empresa Leroy Merlin como um todo. “Falam tanto sobre diversidade, mas na hora de lidar com pessoas pretas fazem isso. Desde a hora que paguei até agora não tive escuta, não perguntaram como podem melhorar”, disse ela.

Posicionamento da Leroy Merlin

Em nota, a Leroy Merlin afirmou que a situação seguiu a tratativa padrão e irá reforçar suas comunicações sobre o processo de estorno. Leia na íntegra:

A Leroy Merlin esclarece que, no momento da compra, a cliente realizou o pagamento via Pix, mas por uma inconsistência sistêmica a ação não foi concluída, o que ocasionou um transtorno.  Como prática, quando a companhia não identifica o pagamento é fornecido ao cliente o comprovante com a garantia do estorno em até 48 horas, contudo a consumidora não aceitou, após a intervenção os responsáveis pela Leroy Merlin foram acionados e permitiram a saída da cliente com o produto.

A empresa destaca que o estorno foi realizado ontem. Além disso, irá reforçar suas comunicações sobre o processo de estorno que é corriqueiro e seguiu a tratativa padrão.
 

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