Jornal Estado de Minas

RACISMO

'Neguinha' e 'piranha': homem agride mulheres negras na Câmara de BH

Duas integrantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) que estavam no plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte, nesta sexta-feira (24/3), denunciaram um homem por injúria racial. O episódio, que aconteceu durante as manifestações contrárias e a favor ao PL 508/2023 — que altera o plano diretor da capital — provocou um pedido de suspensão da votação, que foi negado.





Liliana Ramos, moradora da ocupação Carolina Maria de Jesus e integrante do MLB foi à reunião extraordinária para reivindicar seus direitos, como cidadã e militante de ocupação. 

Um homem, que estava presente na reunião, gritou: "Cala a boca, neguinha. Feia pra caralho". 


Aline Rodrigues, outra integrante do movimento, também foi atacada. Ao pedir ao homem que cessasse as agressões, ele adotou uma postura agressiva, a chamando de ‘barrriguda’ e ‘piranha’. O homem fez gestos de arma com a mão. 


“É o país que a gente vive hoje. A mulher negra não pode reivindicar os seus direitos”, lamentou Liliana. A votação seguiu normalmente, mesmo com todo o tumulto que a agressão causou. 

 

 

Segundo a Guarda Municipal, o autor do crime alegou que, enquanto o vereador  discursava na hora, as supostas vítimas o teriam chamando de ‘viado’. 





“Estou me sentindo como se eu fosse uma bandida, como se eu tivesse feito errado, porque ele está acompanhado de três advogados e com as testemunhas que estão querendo me oprimir com olhares e com com certos sorrisinhos no cantinho da boca Quantas negras e negros sofreram agressão tanto verbais como físicas por não ter voz?”, disse Liliana, já na delegacia.


“Os advogados do indivíduo estavam escutando o meu depoimento no corredor, creio que é para saber o conteúdo e induzir o cliente na hora de dar o seu depoimento. Essa situação em que me encontro é de repúdio. Repúdio e ódio.”


Em nota publicada nas redes sociais, o MLB manifestou sua indignação:


“Não aceitaremos qualquer tipo de racismo e machismo contra nossas companheiras. O direito de manifestar contra essa lei absurda é direito dos movimentos sociais e do povo. Nem um passo atrás contra esses racistas e machistas que tentam nos calar. Queremos justiça para nossas companheiras!”

*Estagiária sob supervisão