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1ª Frente Parlamentar Mista Antirracismo passa a funcionar no Congresso


A primeira Frente Parlamentar Mista Antirracismo foi instalada no Congresso Nacional, em Brasília (DF), nessa terça-feira (11/4). A cerimônia contou com a presença de líderes de movimentos sociais, autoridades do governo e de celebridades, além de membros do grupo que, atualmente, é composto por 147 integrantes, sendo 36 senadores e 111 deputados.





Com o objetivo de promover debates e acompanhar políticas públicas e ações que envolvam o combate ao racismo e à desigualdade racial em todo o Brasil, o grupo será coordenado pela deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG) – vice-líder da bancada de seu partido e relatora da revisão da lei de cotas – na Câmara dos Deputados, e pelo senador Paulo Paim (PT-RS) no Senado. A vice-coordenadoria ficará com a deputada Carol Dartora (PT-PR) e com a senadora Zenaide Maia (PSD-RN).

“Essa frente é mais uma estratégia de aquilombamento do movimento negro brasileiro para que a gente avance em uma agenda legislativa antirracista urgentes para o nosso povo. Queremos que ela seja um instrumento para enfrentar o trabalho análogo à escravidão, o extermínio da juventude negra e o feminicídio que acomete principalmente as mulheres negras”, afirmou Dandara. 

“É uma data simbólica para o Brasil, para nós todos. Depois de hoje, o Congresso será diferente, porque tem uma bancada grande em defesa da população negra. Nós, aqui nessa frente, vamos sim fazer história”, complementou Paim.





O lançamento também contou com a presença da deputada federal e primeira parlamentar negra da história do Brasil, Benedita da Silva (PT-RJ) e da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que destacou o peso da representatividade que a Frente traz consigo.

“A gente sabe o tamanho da importância que temos e o tamanho da responsabilidade de estarmos aqui, representando um povo o qual é, majoritariamente, a parte da população que mais sofre”, declarou ela.

Convidados

A cerimônia também teve discursos de convidados especiais, como o mineiro João Luiz Pedrosa, professor, apresentador, escritor e ex-BBB, que falou no Senado e na Câmara em prol da luta pela representatividade e pelo combate ao racismo.





“Participar de um momento tão importante para a história da luta contra o racismo é muito especial para mim. Desde muito cedo, as crianças negras vivenciam o racismo e educar a sociedade para ser antirracista é o caminho que devemos seguir. Espero que esse seja o começo de uma longa caminhada”, declarou João.

“Espero que daqui a alguns anos a gente volte e possa fazer uma reavaliação dessa frente, que a gente agregue cada vez mais pessoas, porque o combate ao racismo no Brasil não é restrito apenas às pessoas negras. É um compromisso social, compromisso de cada um que está presente neste território”, completou o professor.

Além de João, o professor de História e cofundador da União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora (Uneafro), Douglas Belchior, também discursou sobre o histórico da luta antirracista no Brasil.





“Podemos dizer que hoje nós temos um quilombo dentro do Congresso Nacional, a partir desta Frente Mista Antirracista. Queremos pessoas negras em todos os espaços, mas nos espaços de poder. Queremos pessoas negras que tenham seus pés fincados nos territórios, nas favelas, nas comunidades e com as cabeças no Congresso Nacional”, disse Douglas.

A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Jade Beatriz, indo ao encontro das pautas da deputada Dandara, defendeu a pauta da universalização do acesso à educação superior.

“A frente vai ser a responsável por fazer a defesa da revisão da Lei de Cotas, da expansão da reserva dentro das universidades para o nosso povo e, principalmente, da construção de mais ações afirmativas que permitam que tenhamos mais acesso à educação”, declarou ela.





Após a instalação, os presentes marcharam pelos corredores do Senado Federal, rumo ao Salão Verde, da Câmara dos Deputados, com palavras de ordem: “Sem a superação do racismo, não há democracia”, e “Povo negro unido, povo negro forte, que não teme a luta, que não teme a morte”.
 

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