Jornal Estado de Minas

19º ACAMPAMENTO TERRA LIVRE

Povos indígenas pedem demarcação de suas terras no Acampamento Terra Livre

A 19ª edição do Acampamento Terra Livre, maior assembleia dos povos indígenas brasileiros, começou nesta segunda-feira (24/4), em Brasília, e o tema é: “O futuro indígena é hoje. Sem demarcação, não há democracia!”. A mensagem reforça a importância da demarcação de terras indígenas, que ficaram paralisadas durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro.





O evento é organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) com apoio das organizações regionais de base. A expectativa é que mais de 6.000 indígenas se reúnam até sexta-feira, último dia do Acampamento.
“A demarcação de terras indígenas é um direito ancestral previsto na Constituição Federal. Aqueles que invadem uma TI destroem as florestas e atacam indígenas, que há mais de 500 anos lutam pela proteção das suas famílias, culturas e terras. Não queremos falar somente do que pode acontecer daqui a quatro anos ou oito anos. É agora que meus parentes estão sendo assassinados, a democracia está sendo desrespeitada e as mudanças climáticas estão sendo agravadas”, diz Tuxá, coordenador executivo da Apib.
Segundo o relatório anual Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil, realizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), 2020 teve 263 casos de invasão, que afetaram 201 terras indígenas em 19 estados. Em 2021, o Cimi apontou 305 casos, que atingiram ao menos 226 terras em 22 estados do país. Dados de 2022 ainda não foram divulgados.





O primeiro Acampamento Terra Livre surgiu em 2004, depois de uma ocupação realizada por povos indígenas do sul do país, que se reuniram na frente do Ministério da Justiça. O motivo do acampamento foi um sentimento de revolta que pairava sob comunidades indígenas, que sempre tinham brancos como porta-vozes de suas vontades, não tendo participações justas na política. Desde então, o evento tem acontecido anualmente.

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.