Jornal Estado de Minas

REPRESENTATIVIDADE

Mattel lança Barbie com Síndrome de Down: 'Brincadeira combate preconceito'


A Mattel apresentou, nesta terça-feira (25/4), sua primeira versão da boneca Barbie que representa uma pessoa com Síndrome de Down. O modelo faz parte da linha Barbie Fashionistas, que oferece representações mais diversas de beleza a fim de combater o preconceito acerca de deficiências físicas.





Outras edições da coleção já incluíram bonecas com aparelhos auditivos, com perna protética, acompanhada de uma cadeira de rodas, e até uma com vitiligo, doença que faz com que manchas na pele percam pigmentação – e foi uma das edições mais vendidas em 2020 nos EUA

Para a nova Barbie Fashionista, a Mattel afirmou ter trabalhado em colaboração com a National Down Syndrome Society (NDSS) para garantir uma representação fiel de uma pessoa com Síndrome de Down. Foram trabalhados o formato, as características físicas, as roupas, os acessórios e até as embalagens da boneca para entregar representatividade e diversidade às crianças.

Modelagem da boneca

Como a condição genética gera características físicas distintas e específicas, além de afetar a capacidade cognitiva, causando deficiências de aprendizado leves a graves, a nova edição da Barbie apresenta uma nova escultura facial e corporal ilustrativa de mulheres com Síndrome de Down, incluindo um corpo mais curto e o torso mais longo. De acordo com a Mattel, o modelo foi avaliado e aprovado por um profissional da saúde.

O rosto também apresenta uma forma mais arredondada, orelhas menores, ponte nasal plana, enquanto os olhos são ligeiramente oblíquos em forma de amêndoa. Suas palmas incluem uma única linha, uma característica frequentemente associada às pessoas com Síndrome de Down, segundo a Mattel.





O novo modelo usa uma órtese – peça de correção ou complementação de membros ou órgãos do corpo – rosa no tornozelo para combinar com seu vestido. Seus tênis apresentam um zíper para representar crianças com Síndrome de Down, algumas das quais usam órteses para apoiar seus pés e tornozelos.

“Isso significa muito para nossa comunidade que, pela primeira vez, pode brincar com uma boneca Barbie que se parece com eles”, disse Kandi Pickard, presidente e CEO da NDSS em um comunicado. “Esta Barbie serve como um lembrete de que nunca devemos subestimar o poder da representação. É um grande passo para a inclusão e é um momento que estamos comemorando”, completou.

Representação e representatividade

A Mattel também divulgou que a estampa do vestido da nova Barbie tem borboletas em cores amarelas e azuis, símbolos e cores associadas à conscientização da Síndrome de Down. O colar da boneca também tem significado: o pingente rosa com três chevrons (símbolos em formato de V) para cima é o símbolo que une a comunidade e representa as três cópias do cromossomo 21, material genético que causa as características associadas à Síndrome de Down.





“Nosso objetivo é permitir que todas as crianças se vejam na Barbie, ao mesmo tempo em que as encoraja a brincar com bonecas que não se parecem com elas. Combatemos o estigma social por meio da brincadeira”, disse Lisa McKnight, vice-presidente executiva da Mattel e chefe global de barbie & dolls, em comunicado.

“Brincar de boneca fora da própria experiência vivida pela criança pode ensinar compreensão e construir um maior senso de empatia… Estamos orgulhosos de apresentar uma boneca Barbie com Síndrome de Down para refletir melhor o mundo ao nosso redor e promover nosso compromisso de celebrar a inclusão por meio da brincadeira”.

A modelo Ellie Goldstein foi chamada para estrelar a campanha de divulgação da nova Barbie Fashionista. Ela, que tem Síndrome de Down, se emocionou quando viu a boneca pela primeira vez e se sentiu emocionada e orgulhosa pelo lançamento. “Significa muito para mim que crianças poderão brincar com a boneca e aprender que todo mundo é diferente”, disse ela no Instagram.





“Eu estou orgulhosa que a Barbie me escolheu para mostrar as bonecas para o mundo. Diversidade é importante, porque as pessoas precisam ver mais gente como eu no mundo, e não escondê-las. Barbie vai ajudar a fazer isso acontecer”, completou.

Barbie Fashionista e diversidade

A Mattel costuma receber críticas por conta das bonecas Barbie, que desde a sua estreia em 1959 apresentava um padrão de beleza considerado problemático, principalmente para crianças em fase de desenvolvimento.

Por décadas, as Barbies tiveram um modelo de corpo feminino com proporções irrealistas: eram brancas, loiras, esbeltas de cintura estreita e busto amplo, além de apresentarem pés moldados para encaixarem em saltos altos.





Com exceção de edições especiais – como uma Barbie surfista bronzeada – foi somente em 2016, quando as vendas da boneca estavam em queda, que a Mattel decidiu fazer alterações nos modelos da Barbie, com representações mais realistas pensadas em inclusão e diversidade. Elas foram reintroduzidas em quatro tipos de corpo, sete tons de pele, 22 cores de olhos e 24 estilos de cabelo.

A linha Barbie Fashionistas acabou vindo um pouco depois, em 2019, justamente com o intuito de trazer mais representatividade às bonecas da marca. Naquele ano, foi lançada uma Barbie cadeirante branca e loira de olhos azuis, e uma outra boneca com pele retinta e uma perna protética. No ano passado, a Mattel também lançou um Ken com vitiligo.

“A marca Barbie realmente acredita no poder da representação. Estamos comprometidos em continuar a apresentar bonecas com uma variedade de tons de pele, tipos de corpo e deficiências para refletir a diversidade que as crianças veem no mundo ao seu redor”, disse Lisa McKnight em comunicado à imprensa.